segunda-feira, 19 de maio de 2008


JOHN CALE & ACOUSTICMATIC BAND
Casa das Artes, VNFamalicão
16 de Maio de 2008
Assistir a um concerto de John Cale devia ser obrigatório no curriculo de qualquer melómano efectivo, sendo, por isso, uma surpresa o auditório da Casa das Artes se apresentar parcialmente vazio (é a crise...). As anteriores e esgotadas experiências a solo, em que tivemos a felicidade de marcar presença (Rivoli em 1988? e Serralves em 2000), foram ambas irrepreensíveis, com Cale intercalando a guitarra e o piano em ambiente frenético e intenso. Agora, com a ajuda de um banda, esta era uma oportunidade, aparentemente, diferente. Cale, já com 66 anos e uma discografia imensa e diversificada, começou o espectáculo com “Gravel Drive”, perfeito na sua dimensão ambiental. Contudo, um iritante feedback em crescente volume, levou os músicos a sair do palco até ser resolvido o problema. No regresso e das poucas vezes que utilizou o teclado, surgiu “Chinese envoy” para logo, já com a guitarra, se lançar no mítico “Ship of Fools”, um dos grandes momentos da noite. O quarteto em palco surgiu oleado, experiente, onde um simples olhar ou sinal permite, sem falhas, concluir ou prolongar os temas. Sobressai, no entanto, a postura e perfomance de Michael Jerome, num estilo de percussão (cajon) especialmente vibrante. Mais alguns clássicos surgiram no alinhamento e desta vez não houve lugar a tantas versões (como “Hallelujah) ou temas dos Velvet Underground, mas fizeram falta, por exemplo, “Do not go gentle...” ou “I’ll keep a close watch”. Antes do final, e numa mistura explosiva, tempo ainda para “Gun” e “Pablo Picasso” (uma versão dos Modern Lovers), em aparente improvisação, dose repetida já no encore com “Chorale”. Apesar das muitas palmas, o concerto acabaria por ali, em hora e meia repentina, mas memorável. Mais uma vez!

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