segunda-feira, 2 de março de 2009

ANTÓNIO PINHO VARGAS, Casa das Artes VNFamalicão, 28 de Fevereiro de 2008


Quase 25 anos depois da edição do primeiro álbum de originais, o ano de 2008 marcou o regresso de António Pinho Vargas aos concertos. Para o efeito, o músico regravou as suas obras para piano solo, nome com que baptizou o disco duplo entretanto publicado e nome com que se apresenta em versão ao vivo. Em Famalicão, com uma plateia bem preenchida, tendo em conta a noite de futebol simultânea, o pianista ofereceu a todos os presentes um excelente recital. Alternando a execução dos trechos com alguns comentários biográficos e de circunstância, a noite proporcionou, acima de tudo, imensas e boas recordações. Temas como “June” logo o início, “General Complex”, “Dança dos Pássaros” ou "Tom Waits", são momentos eternos de composição versátil, que fazem parte da nossa memória colectiva e que uma geração portuense, onde nos incluímos, não mais esquecerá. Entre os tais comentários, notou-se algum humor crítico em relação à não compreensão, por parte de muitos, daquilo que é a música chamada contemporânea e ao facto do tema “Tom Waits” nunca ter sido do conhecimento do próprio Tom Waits, facto que por si só tornaria o próprio Vargas mais feliz e... rico! Tal como no disco, destaque para a inebriante dupla “Fugato par Lindo Ramo” e “Lindo Ramo, Verde Escuro”, inspirados nos cantares alentejanos e que vem dar razão ao que acertadamente Boaventura Sousa Santos expressou: “Num país outonal, a música de António Pinho Vargas é a inabalável força da Primavera”. No encore, um único tema - “Cantiga para amigos” - serviu, da melhor forma, para marcar uma noite aconchegante.

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