quarta-feira, 25 de março de 2009
(RE) LIDO #15
JOHN PEEL - MARGRAVE OF THE MARSHES
de John Peel e Sheila Ravenscroft. Londres, Corgi Books, 2005
Há já algumas semanas que terminamos a leitura deste livro. Contudo, a coragem em escrever seja o que for sobre ele não é muita, porque o fascínio exercido não permite explicar a admiração e beleza do seu conteúdo. Pensado como uma autobiografia pelo próprio Peel, o livro só em parte saiu da pena do radialista e dj, já que a sua morte em 2004 impediu a sua conclusão. Seria a sua esposa e companheira Sheila Ravenscroft a levar a bom porto este desígnio, escrevendo uma segunda parte da obra. No seu final estão reproduzidas, em apêndice, duas cartas de Peel dirigidas ao seu editor em 1992 onde resumia as suas pretensões e lançava algumas ideias do que iria ser o livro. Ao lê-las, logo concluímos que muitas coisas ficaram por contar. Uma vida tão intensa e uma estadia de quase quarenta anos na Radio1 inglesa muito dificilmente poderiam ser resumidas em prosa. Os episódios, as pessoas, as querelas, os amores e amizades de um personagem incontornável da história ocidental no século XX, amado por muitos, mesmo por aqueles como nós, que só veneramos o nome, deviam ser infindáveis. O nome Peel num programa de rádio, numa capa de um disco ou num artigo de imprensa, era sinónimo de arrojo, de modernidade, de desafio! Este livro espelha precisamente o calibre de uma vida dedicada à música e aos músicos de uma forma tão avassaladora. Ao lê-lo, como que sentimos inveja, no bom sentido, de um homem que falou com Kennedy, que conviveu com John Lennon, que pôs meio mundo a dançar sempre que punha discos, que teve os White Stripes ou os Belle Sebastian a tocar e jantar em sua casa, etc., etc., etc., mas que sempre deu lugar aos mais novos e desconhecidos. A sua voz inconfundível na rádio é inesquecível, a sua missão um tesouro patrimonial memorável que uma rainha, ainda a tempo, condecorou. Tal como costumava dizer no final dos seus programas “Thanks, as always, for listening”. You're welcome, apetece dizer. Obrigada, Sir. John Peel!
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