segunda-feira, 25 de novembro de 2019
THE MOUNTAIN GOATS, Café & Pop Torgal, Ourense, 23 de Novembro de 2019
Se a montanha não vai a Maomé, vai Maomé à montanha...
Como a súplica desesperada não se concretizou, não havia como não cumprir irremediavelmente o ditado e, lá está, por entre montanhas e vales, dar um pulo a Ourense para não perder John Darnielle e os seus, lá está outra vez, The Mountain Goats de eleição. Pareceu não termos sido os únicos portugueses a fazê-lo atendendo a algum do linguajar que pairava no simpático bar galego mas cuja dimensão se afigurou de presumível tacanhez para o almejado e pleno desfrutar das canções.
O sinal de aviso vermelho foi dado por Laura Cortese, artista já em plena actuação de aquecimento quando descíamos a curta escada, ao informar, entre risadas, que tinha dispensado e despachado para Lisboa os seus The Dance Cards - supostamente, um baixista e uma violoncelista - por não caberem no palco, melhor, no estrado do recinto. Nada, contudo, que tivesse assustado Darnielle e o parceiro Matt Douglas uns momentos depois a contornar o balcão e o público de copo na mão até chegar ao recanto iluminado. Atacaram "Estate Sale Sign" como não houvesse amanhã e, mesmo sem vislumbrarmos os instrumentos, lá fomos reparando na boa disposição e entrega da dupla apostada em cumprir um alinhamento de proximidade e auto-satisfação. Talvez a recordar velhos tempos de apresentações semelhantes na pacatez de um club, à forma animada e informal da postura Darnielle foi sobrepondo introduções das canções num castelhano aceitável como resultado de muitas horas em frente à televisão, um mundo muito próprio que saltou de história em história em temas como "No More Tears" e o seu "drifting like a Portuguese man o' war/pretty hardcore" ou em "Younger" pleno de subtileza pelo saxofone flutuante de Douglas.
Já a solo e sem escolhas pré-definidas, aceitaram-se sugestões a que respondemos com um tímido "Get Lonely" mas alguém gritou mais alto "Damn These Vampires" a que se juntou "Baboon", mais um pedido vindo do público. O regresso do companheiro haveria de elevar a perfomance a um patamar de festa que ficou mais rija e participada com a ajuda do violino de Laura Cortese sentada numa lateral do balcão para três das melhores canções - a saber, "Cadaver Sniffing Dog", "Doc Gooden" e "Sicilian Crest" a que só faltou "An Antidote for Strychnine" - do último álbum "In League With Dragons", o décimo sétimo em quase trinta anos de carreira.
O efeito inesperado e exótico dessas cordas friccionadas haveria de prolongar-se no encore de imediato requisitado onde às canções foi acrescentado um calorento coro colectivo, muitas palmas e até uma piada do próprio quanto ao que seria fazer uma semana inteira de apresentações seguidas no local... Talvez fosse melhor não dar ideias!
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