Fotografia: Facebook do Auditório de Eepinho |
Acoustic guitar music... a ementa do serão chuvoso tinha no conforto da sala espinhense a estreia de William Tyler em palcos nacionais, uma abençoada oportunidade que demorou tempo demais a concretizar-se. Depois de passagens pelos saudosos Silver Jews ou os Lambchop, a ainda aparente juventude do músico norte-americano esconde, contudo, uma carreira de quase uma década em nome próprio com quatro álbuns dedicados a explorar de forma inteligente a tal música acústica a partir de uma guitarra.
Desprezada por muitos, compensadora para muitos mais que acorreram com interesse e curiosidade a ouvi-la, a perfomance haveria de revelar-se de paisagem sonora delicada e sensível a uma América solitária e infindável onde o country e a folk trilham viagens e estradas que nos permitem ir imaginando e sonhando com cidades, montanhas ou rios ou meditando como podemos mudar de vida ou de sítio, riscos e decisões que o próprio Tyler assumiu quando escolheu Los Angeles para viver depois de anos em Nashville. O tal virar a oeste que dá nome ao último álbum é, assim, uma metáfora efectivamente inspiradora que não esconde, nem pode esconder, o travo à tal country music que aparenta ser de fácil percepção mas, como notado, de muito mais difícil e inconsequente explicação.
O importante é mesmo considerar que as texturas ou as velocidades dos trechos apresentados na penumbra do auditório funcionaram na perfeição na sua essência instrumental, um conjunto charmoso e apaziguador de que sabemos a geografia mas que acaba, maravilhosamente, sem pertencer a nenhum território a não ser a quem teve a felicidade de os conhecer e escutar. Enquanto houver destes pedacinhos de vida, esperança não vai nunca faltar!
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