quinta-feira, 19 de dezembro de 2019

(RE)LIDO #85





















LIST OF THE LOST
de Morrissey. Londres, Penguin Books, 2015
Na tentativa de recuperar algum do tempo perdido não a ler os livros mas a escrever sobre eles, retomamos agora a apreciação de um punhado de escritos a que fomos deitando os olhos com esforço redobrado nos últimos anos atendendo a que a leitura ao perto está cada vez mais refeita e difícil.

Para que essa demanda fizesse sentido escolhemos Morrissey, um figurão mor autor da sua própria biografia mas também de um pequeno romance posterior cuja capa de fotografia com um atleta em pleno esforço nos aguçou a curiosidade na altura da sua disponibilidade nas prateleiras de uma qualquer FNAC. Assim, antes de ganhar coragem para as confissões em nome próprio, nada como testar as capacidades ficcionais de um dos mais brilhantes autores de líricas para canções que a pop inglesa conheceu...

Este entusiasmo inicial, contudo, cedo se converteu numa decepção acelerada, um azar que parece uma sina quanto a músicos que se dedicam aos romances, muito por culpa de um enredo zangado e de um niilismo aparentemente propositado que envolve uma jovem equipa de corridas de estafetas em modo libidinoso e sobranceiro, a morte de um demónio (!) e a consequente maldição!

Bastará uma consulta na diagonal ao que a wikipedia recolheu sobre este suposto romance para constatar as coincidências na frustração e a imediata recomendação na dispensa de um livro sem fluidez, desgarrado do seu contexto dos anos 70 e em que cada um dos quatro personagens sugere ser um alter-ego de personalidades do próprio autor - infância conturbada, rejeição e pouca força de viver. Houve até quem se desse ao trabalho de compilar os seus dez piores parágrafos, uma perseguição bizarra que certamente o próprio Morrissey agradeceu e anteviu naquele seu jeito de se comiserar que "ninguém gosta de mim". Uma perca de tempo e um verdadeiro last of the list que, mesmo assim, vale cinquenta euros como peça assinada!

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