A unidade do conjunto, e a indefectível qualidade na transmissão, resultou numa hipnotizante experiência onde cada pausa, cada complemento ou cada aceleração conduziram a plateia a um mundo único, ou não fosse, como explicado, cada concerto um género de ensaio onde se começa sempre de novo, esvaziando trejeitos e repetições. A filosofia, devidamente ministrada e explicada a meio da "aula", tem por base uma criação em que ancestralidade e a memória circundam uma exploração criativa que aponta a uma simples aspiração - a sua utilidade.
Para o efeito, a composição ganha a cada passo e oportunidade uma revisão em que a improvisação aprofunda a dúvida fulcral e multiplica as respostas que o nosso mundo, ao avesso e perigoso, parece esquecer desgovernadamente. Uma impossibilidade que o próprio assumiu como forma de vida e a que junta inauditas tarefas de docência e pedagogia.
A fórmula dedicada do trio em palco, traduzida numa pluralidade instrumental superlativa e cativante (aquele magistral cantar sibilado das notas...), induziram a viagem sonora por uma fascinante experiência de noventa minutos em que a plateia, submersa, recebeu cura e reforço energético "uNomkhubulwane", milenar nome do referido disco que evoca a filha do deus zulu uMvelikuqala e traduz o poder de trazer chuva até o interior árido de África. Bendita e benzida tamanha "chuva" de notas!
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