A solo e dando primazia a um alinhamento ao piano, Joan esteve, como é habitual, notável na posição da voz e das suas variações, um timbre muito próprio que tanto se adapta a tonalidades jazz experimentadas há três anos atrás ou a canções pop como "Tell Me". Foi, contudo, em "Lemons, Limes and Orchids" e usando um violino pré-gravado, que o serão conheceu um primeiro cume, enegrecendo ainda mais quase todo o tema título do mais recente álbum até ao momento em que só o piano-voz final espaireceu as trevas.
Antes, ao contrário, o drum beat que decidiu juntar a "Safe to Say" ecoou algo deslocado e um tanto exagerado, mas logo à frente seria com um "Oh Joan", a escorregar na perfeição para uma inesperada cover de Bob Marley ("Guiltiness"), que o concerto alcançou outro topo de um nivelamento crescente.
Joan voltaria depois à guitarra para, antes do encore, praticar um género de descompressão que a união umbilical ao piano provoca e fermenta e, que noutras ocasiões, teve na tagarelice com os, ali inexistentes, parceiros de palco uma distensão de informalidade. Os relaxantes escolhidos, entre agradecimentos e elogios de ocasião, foram "I Was Everyone" e o incontornável "The Magic".
Voltaria, entre aplausos, para "The Ride", canção de marca própria com quase vinte anos, período de tempo em que a aura desta artista não há maneira de se desfazer, mesmo que, desde sempre, seja em alguma amargura que ela se ilumina. Se essa luz contínua nos leva a questionar qual será a próxima reinvenção, ela também nos permite perceber que a sua radiação será sempre inspiradora. Concertos como este dão-nos, sem dúvida, essa garantia.
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