A entrada do trio corajoso tinha na cara de Joan Wasser o espelho da desolação. Quase em lágrimas e já de guitarra na mão, explicou que o engenheiro de som e produtor Benjamin Gregory, um amigo de longa data, tinha caído durante o sono (?) e batido com a cabeça, ficando mal tratado. Foi levado para o hospital acompanhado por Eric Lane, teclista de Jeff Buckley e membro do quarteto programado, razão da sua ausência em palco. Uma pena, mas, caramba, força aí Benjamin!
Decerto que o alinhamento previsto sofreria óbvios constrangimentos o que não dispensou, contudo, uma passagem inicial por temas do último álbum "The Solution is Restless", registado com o baterista Tony Allen e o multi-instrumentista Dave Okumu, mas ali encarnados por Banjamin Lazar Davis, baixista, e Parker Kindred, baterista e também ele um elemento da banda de Jeff Buckley em finais dos anos noventa. Bem esperamos por essa pedrada longa chamada "The Barbarian" mas a opção recaiu em "Take Me To Yor Leader" e "Masquerader" que, tendo em conta as circunstâncias, soaram perfeitos. Seguiu-se um resto de noite mais descontraído mas, claro, condicionado.
Desde sempre, Joan Wasser é em palco uma presença desconcertante na forma como alterna timbres de voz, se passeia cambaleante entre a guitarra e o piano ou joga na provocação sarcástica e desafiante com a plateia sobre inesperados temas ou assuntos. Notoriamente mais resguardada, essa postura habitual acabou, aos poucos, por submergir mas notou-se um esforço desmedido em fazer valer a estima e a concentração que os dois parceiros e cúmplices tentaram, e conseguiram, manter activas, ora combinando o que tocar, atendendo à prática datada de décadas de experiência conjunta, ora corrigindo tons e acordes sem disfarces.
Surpresas como um tremendo "The Ride" ou "Warning Bell" foram fruto desse deslindar de soluções improvisadas que comprovam um songbook de recurso assinalável e infindável e que espelham a qualidade carimbada das canções e, já agora, das versões (a de "I Keep Forgettin'" bastou para o provar). Outros dois amparos de aconchego - "To Be Lonely" e "Your Song" - que tocou sozinha ao piano um pouco antes valeriam, por si só, o preço do bilhete e o preço da fortuna em tê-la ali, apesar de tudo, a fazer o cerco às emoções, às dela e às nossas. Com tamanha corrente de partilha, tudo ficaria bem. Stay strong, Joan As Felice Woman!
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