segunda-feira, 26 de maio de 2025

AMBROSE AKINMUSIRE, Auditório de Espinho, 24 de Maio de 2025

A presença de Ambrose Akinmusire em palcos nacionais têm-se revelado frutuosa. Desde a, aparente, estreia no Guimarães Jazz de 2016, passando pelo jardim da Gulbenkian em 2019, por Coimbra ou o Seixal em 2022 e o retorno a Guimarães em 2024, a actual digressão europeia permitiu nova e exclusiva investida a norte em formato quarteto. Toda uma sorte e um privilégio que, já em Julho, se estenderá ao Funchal na variação aumentada relativa à apresentação do mais recente álbum "Honey From a Winter Stone"... 

A fortuna procura-se, é certo, sendo também certo que as plateias que Akinmusire tem encontrado e enfrentado pelo nosso território são daquelas que assumem um ecletismo importante como condição valiosa para fazer da sua música uma linguagem de composição sem igual. A noite espinhense não fugiu à regra, isto é, cresceu num vanguardismo tensional que requereu muita atenção pelas subtilezas das sonoridades que o quarteto, desde logo, rendilhou. Vinte minutos iniciais, assim, de uma assentada ofegante, com direito a solo saliente de Justin Browm, mestre da bateria que teve o condão de inebriar, como em muitos outros momentos, a fruição já de si sobrenatural. 

Restam, pois, poucas dúvidas que aquilo que alguns chamam "jazz difícil" e que necessita, garantido, de pautas e treino aplicado, é senão que uma enorme e expressiva torrente de sincopados alimentados por silêncios, pausas, sopros ou assomos energéticos, mas que o talento, ali em bruto, dos músicos aliviou numa flutuante e libertadora aptidão para tudo juntar na feição certa e (in)conveniente. Noventa minutos de puro prazer e que esvoaçaram num ápice. Bravo Ambrose!

(Dezembro 2025: video removido pelo artista)

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