A fortuna procura-se, é certo, sendo também certo que as plateias que Akinmusire tem encontrado e enfrentado pelo nosso território são daquelas que assumem um ecletismo importante como condição valiosa para fazer da sua música uma linguagem de composição sem igual. A noite espinhense não fugiu à regra, isto é, cresceu num vanguardismo tensional que requereu muita atenção pelas subtilezas das sonoridades que o quarteto, desde logo, rendilhou. Vinte minutos iniciais, assim, de uma assentada ofegante, com direito a solo saliente de Justin Browm, mestre da bateria que teve o condão de inebriar, como em muitos outros momentos, a fruição já de si sobrenatural.
Restam, pois, poucas dúvidas que aquilo que alguns chamam "jazz difícil" e que necessita, garantido, de pautas e treino aplicado, é senão que uma enorme e expressiva torrente de sincopados alimentados por silêncios, pausas, sopros ou assomos energéticos, mas que o talento, ali em bruto, dos músicos aliviou numa flutuante e libertadora aptidão para tudo juntar na feição certa e (in)conveniente. Noventa minutos de puro prazer e que esvoaçaram num ápice. Bravo Ambrose!
(Dezembro 2025: video removido pelo artista)
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