A maioria dos trechos, mesmo que mais calmos numa primeira fase, denotaram de facto uma rudeza e verdura de aparente desleixo de um quarteto clássico de jazz mas o jogo advêm precisamente do erro desse julgamento - na sua base instrumental de trompete, piano, contrabaixo e bateria, criamos o hábito para algumas convenções que, logo ali, deslizaram para uma sonoridade de hibridez mais contemporânea e de sequência inaudita e surpreendente. Quando o baterista, e que baterista, se deitou ao comprido no chão para, simplesmente, ouvir os mais de cinco minutos de solo do parceiro do contrabaixo, desplante a que nunca tínhamos assistido, a naturalidade da atitude reflecte afinal uma qualidade que o jazz nunca perdeu ou perderá - a partilha sincera de experiências tem na amizade entre músicos a essência da sua constante vibração. O quatro em cima do palco fazem-no juntos há mais de duas décadas...
A destreza dos instrumentistas e a sua cumplicidade estiveram, por isso, em níveis de elevado calibre, num serão onde não houve excessos de virtuosismo ou necessidade de comparações a mestres de outrora que isto do jazz ao vivo nos nossos dias quer-se também alterando convenções e interferências estéticas como as notas que saíram, formidáveis e espiraladas, do seu trompete. Tangíveis, elas foram o testemunho que os tais (des)encontros de ruptura que Akinmusire assume como vitais ainda nos vão trazer muitas e boas surpresas.
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