Abrangente o suficiente e para todas as idades, as guitarras que partilham e entrecruzam mostram-se capazes de atrair novos públicos sem dificuldade, uma expectativa e qualidade que ao fim do primeiro dos temas logo se notou do agrado da plateia diversa e quase esgotada que, notoriamente, se estreava a ouvi-los ao vivo.
Dando primazia a escolhas do disco deste ano ("Miramar II"), o diálogo instrumental teve como pano de fundo o habitual e lindíssimo conjunto de imagens de cromatismo antigo onde a lusitanidade das paisagens e costumes acrescentam sempre uma subtileza e narrativa harmoniosa que, mesmo assim, não nos distraiu dos acordes, das sobreposições e variações das cordas das guitarras eléctricas, acústicas ou em execução horizontal tão americana, continente para onde, não poucas vezes, fomos levados pelo encanto do espectro sonoro.
É bem portuguesa, contudo, a eficácia com que esta música nos transporta do mar para a montanha, da cidade para o campo, do frio para o calor e a que a guitarra portuguesa, tão fadista sem o ser (magnífica a "Lisboa 2020"), acrescentou sensibilidade e tradição renovada. Estes Miramar são, por isso e desde logo, um património tão luminoso e moderno de que nos devemos todos de orgulhar.
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