quarta-feira, 25 de junho de 2025

BADBADNOTGOOD, Theatro Circo, Braga, 22 de Junho de 2025

A expectativa quanto à estreia dos BadBadNotGood em Braga, confessamos, não era muito alta, já que o lugar de pouca visibilidade de uma das galerias inferiores que nos calhou retirava, à partida, algum do entusiasmo que a banda de Toronto desde sempre nos despertou. Não contávamos é que, mesmo noutro lugar sentado privilegiado, também seria pouca a percepção do sexteto em palco devido à inexistência de iluminação dirigida, substituída pelos simples reflexos de filmes de 10 mm projectados do fundo da sala! As imagens, sedutoras e da responsabilidade do conterrâneo Sylvain Chaussee, também não eram a componente mais importante e, mesmo na escuridão, a validade instrumental desta máquina canadiana confirmou-se uma potência. 

Talvez a onda tropical light do magnífico álbum "Mid Spiral" se adapte de imediato a qualquer que seja o recinto soalheiro ao ar livre, como, certamente, na véspera se viveu em Lisboa, mas o trio fundador comandado pelo baterista Alexander Sowinski agarrou-se a mais três parceiros para se ajustar às circunstâncias de uma plateia sentada pronta para responder a desafios. Foi assim, desde logo, na irresistível "Sétima Regra" devidamente "abanada" fora das cadeiras, estendida ao limite na sua perfeição agitadora (um sete polegadas de vinil deste tema torna-se urgente). Contudo, ainda estamos para perceber aqueles posteriores dez minutos de saxofone a solo com fundo de mar e do prévio exercício de respiração colectiva!    

O serão serviu também para homenagens a mitos inspiradores recentemente falecidos com versões de "Family Affair" de Sly Stone e de, já no encore, "Everybody Loves de Sunshine" de Roy Ayers, demonstrando-se a capacidade da banda em reinventar o jazz num género múltiplo e viajante que não receia arriscar parcerias e colaborações - faltou, por isso, a pérola "Poeira Cósmica" onde se faz ouvir Tim Bernardes, mas teria sido bom que, pelo menos, o instrumental tivesse sido eleito (pronto, estão desculpados, já que a canção estava prensada em rodela pequena de vinil à venda no átrio... maravilha!). 

Apesar da legitimidade da experiência e da sua efectiva recompensa, ficamos agora à espera de um regresso a um qualquer festival nortenho em dia de sol, o que nunca até hoje aconteceu, por exemplo, à cidade do Porto, uma estranha lacuna atendendo a que os BadBadNotGood já cá andam a fazer a festa há mais de quinze anos. Talvez, com sorte, numa próxima primavera...   

1 comentário:

Pedro Costa disse...

Os badbadnotgood estiveram em Paredes de Coura em 2017 e 2022