Pena que, na frente de palco, o protagonismo dos seguranças tenha causada algum embaraço com a colocação de grades em pleno concerto ou sobrancerias bacocas quanto a uma bandeira e kufiya palestinianos trazidos para o palco e que só o assentimento e atenção da banda conseguiu manter e promover... Indelicadezas que não impediram a consagração e os aplausos merecidos.
Em 2012, na edição de estreia do Primavera Sound fora de Espanha, o Porto recebeu no parque da cidade uma verdadeira e abençoada catadupa de bandas e artistas. Os Spiritualized fizeram parte desse alinhamento, agendados para o sábado de muita chuva e, nessa altura, apostamos noutros estrados, mas lembramos bem o fundo sonoro do concerto a pairar, inconsequente, entre a neblina húmida instalada. "Fica para a próxima", sem que o regresso ao norte (Paredes de Coura, 2019) tenha conseguido despertar a nossa vontade em comparecer, o que a insistência gratuita promovida por Serralves relembrou na motivação. Helas...
Se os vinte primeiros minutos afiguravam uma torrente prometedora - "Hey Jane" e "She Kissed Me (It Felt Like a Hit)" de enfiada -, certo é que Jason Pierce e companhia resvalaram, depois, para uma sequência infindável de baladas arrastadas por solos de guitarra a que nem mesmo o excelente trio vocal de fundo conseguiu disfarçar na maçada. Talvez a excepção tenha sido o longo "Cop Shoot Cop…", tema que encerra "Ladies and Gentlemen We Are Floating in Space", álbum mítico de 1997, sem que a decepção tenha desaparecido até ao derradeiro acorde. O tal fundo sonoro de 2012 mantêm-se, afinal, espiritualmente cristalizado.
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