quinta-feira, 24 de julho de 2025

THE BLACK KEYS, Auditorio de Castrelos, Vigo, 21 de Julho de 2025

Mike Oldfield (1993), Metallica (1999), The Beach Boys (2001), Oasis (2002), Patti Smith (2010), Leonard Cohen (2012), Lauryn Hill (2019) ou Sting (2022). Pelo Auditorio de Castrelos de Vigo, situado num complexo ao ar livre de parque arborizado e monumentos, já passaram estes e muitos outros nomes internacionais, mas certo é que nunca lá fomos... A oportunidade que agora se criava com o agendamento, surpreendente, dos The Black Keys por parte do Concello de Vigo para as festas da cidade não deixava margem para dúvidas - a missão, em estreia, teria que ser cumprida, mesmo que à última da hora! 

A procura de bilhetes para acesso restrito ao recinto, nesta e noutras ocasiões, têm motivado verdadeiras colas madrugadoras e, apesar da inscrição online atempada, a sofreguidão informática pareceu-nos resultar em banhada e desilusão. Mas eis que, por milagre da Virgem do Carmo, se confirmou a compra de um, e só um, boleto. Preço: 15€! 

O recinto, na hora da chegada, estava já bastante preenchido na bancada granítica que rodeia o palco, espaço de acesso livre, sem necessidade de bilhete ou controle, onde uma concentração assinalável de lancheiras e garrafame se fazia já notar. Perto do palco, os pagantes, onde orgulhosamente nos incluímos, haveriam de preencher sem pressas o terreiro, pouco relvado, até ao momento em que o alcaide local irrompeu palco dentro para reafirmar o orgulho na presença da banda, um verdadeiro achado rockero, dizemos nós, atendendo ao programa sofrível agendado para o verão. Mande sempre Sr. Caballero, e para o ano, já sabe, não se esqueça do Jack White! 

Sem aquecimento, que assim ficou mais barato, os The Black Keys também não necessitaram de cortesias prévias. O carburante está há muito tempo (2001!) infiltrado na máquina, apesar de alguns emperros temporários da dupla, e não foi difícil prever a sua perfeita engrenagem - Dan Auerbach assumiu-se como o frontman guitarrista (aquele "Weight of Love"...) e principal vocalista de uma torrente de canções em catadupa, sem direito a mimos ou frescuras, que o rock quer-se sem gelo e de enfiada. Não se perdeu tempo, por isso, com muitas apresentações ou salamaleques aos restantes músicos (4) e nem Patrick Carney, o baterista e produtor parceiro, teve direito a solar como, às tantas, deveria ter acontecido/merecido. 

O alinhamento, um pouco mais curto que o habitualmente escolhido na corrente digressão, não desiludiu ninguém, repleto que esteve de uma colecção de hits e preferências dos aficionados, alguns com direito a coro colectivo como, quase logo a abrir, em "Gold on the Ceiling", "Fever", "Tighten Up" ou "Howlin' for You", pedradas agitadoras, ainda hoje, certeiras. Pelo meio, uma dupla de canções novas ("Man on a Mission" e "No Rain, No Flowers" de um disco de originais a sair já em Agosto) e uma versão escorreita e a matar de "On the Road Again" dos Canned Heat, hipnótico com quase sessenta anos! O encore previa-se memorável. 

A escolha de "Little Black Submarines", semi-balada acústica que é rematada já em plena electricidade, serviu para que o recinto fosse banhado por luzes móveis e preparou a respiração para o incontornável "Lonely Boy", hino intergeracional de irresistível riff e dança comunitária que um tele-disco icónico haveria de eternizar. Ohhhh, oh, oh, ohhhhhhh, que grande concerto!

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