terça-feira, 15 de abril de 2008
(RE)VISTO # 17
U2 3D
Dir. Catherine Owns e Mark Pellington
3ality Digital Enterteinment, 2007, em alguns cinemas
A Vertigo Tour de 2006, que passou por Alvalade foi, para alguns, algo desapontante. A sorte na altura destinou-nos uma lateral em altitude do estádio, bem longe dos acontecimentos mas, principalmente, impedidos de perceber todo a cenografia e lógica do espectáculo. Agora, com a possibilidade de diminuir virtualmente um pouca a desilusão, não resistimos e pusemos os óculos! Assim, em pouco mais de 80 minutos somos literalmente transportados para dentro de um estádio de Buenos Aires, São Paulo ou Cidade do México, onde, sem subterfúgios ou enredos, as músicas se sucedem umas às outras, potentes, mas sem deslumbramentos. A tecnologia 3D permite quase agarrar o microfone de Bono, descobrir a técnica simples e relaxada de Mullen na bateria, reparar nos enormes recursos/pedais que servem The Edge ou na atitude cool de Clayton com o seu baixo. Nalguns momentos, sentimo-nos quase uns estranhos em cima do palco tentando não interromper a cumplicidade única (sincera?) dos músicos. Longe, no entanto, vão os tempos (20 anos!) do lançamento do filme “Rattle & Hum”, cuja antestreia no Coliseu do Porto esgotado mais parecia uma concerto a sério, com palmas, bocas e cantoria generalizada. É que na altura os U2 ainda não tinham tocado a sério em Portugal (a passagem por Vilar de Mouros em ínicio de carreira no ano de 1982 apesar de mítica não foi, mesmo assim, baratinha... 4250 libras). Agora, e apesar da novidade, meia dúzia de pessoas ocupavam a sala, sem reacções efusivas, entretidas a recordar velhos êxitos e, certamente, outros tempos mais intensos. Os U2 tem fãs que atravessam já múltiplas gerações e não foi surpresa verificar a quantidade de jovens presentes nas primeiras filas dos concertos que este documento testemunha, o que quer dizer que o culto está bem firme e para ficar. Sempre na vanguarda comercial e lucrativa da indústria, os U2 esgotam rapidamente todas os recursos que a tecnologia visual desenvolve e este filme é uma prova da atenção (bruxo!) que a máquina irlandesa aplica na rentabilidade. Apesar de tudo isto, gostamos bastante da experiência!
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