SINGLES #12
ARTUR (DOS) SANTOS
Ser Fachista
Fénix/Arnaldo Trindade & Ca. Lda. FAT-310EP, 1975
Como já foi referido por aqui, nas últimas semanas estivemos envolvidos profissionalmente na organização de uma mostra evocativa do 25 de Abril que apresenta discos de vinil alusivos ao período pré e pós-revolucionário. A exposição chama-se “Abril Vinil” e está patente no átrio da reitoria da Universidade do Porto (aos Leões) até ao próximo dia 3 de Maio e não até ao fim daquele mês como foi erradamente divulgado. Da investigação e recolha realizada resultaram inúmeros dados que foram importantes na definição de uma selecção dos discos disponiveis para apresentação. Um dos núcleos da mostra apresenta vinis de revistas teatrais de politica brejeira e fados humorísticos do conturbado período, sendo um dos discos preteridos (infelizmente) este single do desconhecido fadista Artur Santos ou Artur dos Santos. Pela fabulosa capa, ser fascista estava conotado com repastos de marisco e vinhos de reserva só ao alcance dos então chamados “fachistas”. O erro ortográfico parece propositado ou jocoso, pois essa era na altura a expressão usual. O que é certo é que existe um outro single, com outra capa e com a grafia devidamente corrigida, mas agora sob o nome de Artur Gonçalves. É a ele a quem é devidamente creditada a autoria do tema impressa no vinil! O exemplar que aqui apresentamos deverá ser então uma versão. Sobre ele nada há a apontar de especial, o que já não poderá ser dito sobre os outros dois temas do EP: “Namorei uma Sopeira” e “A Mulher do Meu Patrão” são liricamente mais picantes mas sem sem a ordinarice do calibre de um Quim Barreiros! Mesmo assim, é de ir às lágrimas... Sobre o Artur Santos ou Artur dos Santos nada mais sabemos. Ao contrário, sobre Artur Gonçalves vejam só que já existe um blog, muitos fãs entre os quais está Nuno Markl e até uma entrevista ao “Jornal de Notícias” em 2006. Deliciam-se com temas como “As Cassetes”, “Tira Mete e Tira”, “Vira das Bananas”, “Dar Caça Aos Pides” ou “Bacalhau Tenreiro” (numa alusão ao monopólio do comércio do bacalhau exercido por Henrique Tenreiro durante o Estado Novo), e que na referida exposição é representado por um exemplar de um outro fadista de nome Jaiminho... Também é muito bom! Na tradição desta época, dão-se alvíssaras a quem souber mais sobre este single, sendo que o exemplar que aqui apresentamos está ainda devidamente autografado e valorizado para eternidade!
1 comentário:
Artur dos Santos, nascido e criado na Amadora, não foi apenas o que se vê neste post. Cantou fado "a sério", tendo gravado muito mais discos, além do exemplo, que é representativo de uma fase conturbada da vida nacional, em que o Artur se "deixou influenciar" pelo ambiente que se viva então.
Quem o ouvia cantar o "Fado da Trigueirinha", "Chinelas da Ribeira" e outros, não esquece. Um abraço.
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