sexta-feira, 28 de maio de 2010

GRIZZLY BEAR + CIBELLE, Coliseu do Porto, 27 de Maio de 2010


À espera há cinco ou mais anos pelos Grizzly Bear e tudo à volta (p. ex. os Department of Eagles), foi com algum temor que olhamos de soslaio para sala principal do Coliseu como o recinto ideal para esta primeira investida do colectivo norte-americano. Não que a música não mereça tamanha distinção, mas receamos a pouco adesão de público e o consequente arrefecimento emocional. Felizmente, não havia, afinal, nada para temer. Mas já lá vamos.
Antes temos que falar de um qualquer ovni que largou a brasileira Cibelle no centro do palco, envolta por uma tenda abarracada decorada por dourados natalícios e outros estranhos adereços. Visto da tribuna, o cenário causava comentários e suposições diversas, mas a perfomance da brasileira veio confirmar a sua utilidade. De copo meio cheio de vinho (do Porto?) na mão, roubado, segundo ela, nas margens do Douro, em notório estado "aceso", tratou de nos surpreender com uma simples guitarra eléctrica e algumas canções em versão simplificada a que acrescentou ruídos e efeitos pré-gravados. Tempo para trocas de impressões sobre a cidade e o país e também algumas expressões a provocar a risota geral. Gostamos particularmente daquela pose sacada à Xuxa dos bons velhos tempos... Uma nota para a magnífica versão de "Beig Green", imortalizada por Sinatra, com que terminou a pequena mas muito bem recebida actuação.

Retirado o estendal e após um inexplicável e longo intervalo, os quatro Grizlly Bear surgiram alinhados na frente do palco. Não há, assim, um enfoque propositado em qualquer um dos seus músicos, porque, na verdade, todos eles se mostraram indispensáveis à grandeza do concerto. Percebemos agora que a filigrana sonora que os discos contemplam não é obra do acaso. Impressionante o acerto vocal, a medição dos tempos ou a irrepreensível leveza com que as canções preencheram um Coliseu bem composto e conhecedor. Óbvia a distinção das vozes de Edward Drost e Daniel Rossen no centro do palco, mas o contributo vocal dos extremos, onde o baterista e o baixista se posicionaram, foi também excelente. Se juntarmos os instrumentos que todos tem que tocar, parece quase milagrosa a perfeição demonstrada de princípio ao fim. Desde "Southern Point" logo a abrir, passando pela acertada contribuição de Cibelle em "Two Weeks" ou pelo inesquecível "Ready, Able", o espectáculo manteve sempre um nível altamente graduado, num alinhamento concentrado no já clássico "Veckatimest" e que culminou com a plateia já de pé acertando palmas para um acústico e inesperado "All We Ask". O reencontro em Julho no SBSR do Meco, parece ser, desta forma, inevitável.

1 comentário:

Alexandre Pereira disse...

O que eu dava para ter visto este concerto :(

Bom texto ;)

Continuação