segunda-feira, 30 de maio de 2011
ARBOREA + VICTOR HERRERO + CHICKS ON SPEED, Serralves em Festa, Sábado, 28 de Maio de 2011
O Serralves em Festa, verdadeira jóia cultural do país, teve mais uma edição de peso. Quanto à música, a oferta foi variada e para todos os gostos, mas, como sempre, houve altos e baixos. Para o espaço do (desaparecido) campo de ténis estavam agendados alguns dos principais atractivos sonoros e a ementa não desiludiu.
Na tarde de sábado, o pequeno palco recebeu o casal Curran, ou seja os Arborea, mas a chuva de tanto ameaçar decidiu aparecer em força. Apesar do incómodo e dos sobressaltos técnicos subtilmente resolvidos, o duo manteve-se confiante e encorajado pela plateia abrigada e persistente. Toada calma, sedutora, onde se destacou a voz límpida de Shanti, mas também a sua polivalência instrumental. Ao seu banjo e ukelele juntou-se a guitarra slide do marido Buck, um compromisso folk inscrito no mais recente disco "Red Planet" que pode e deve ser merecer a nossa atenção. Gostamos muito de "Spain", tema certamente obrigatório na digressão que se aproxima por terras vizinhas e onde terão a companhia de Victor Herrero. Com tamanho mantra, a chuva lá foi dando tréguas, poucas, mas atendendo à paisagem e ao nome da banda, a água até que soube bem.
O músico espanhol Victor Herrero, companheiro de jornada de Josephine Foster e com quem já andou em digressão por terras portuguesas (incluíndo uma visita a Serralves), foi uma agradável surpresa. O átrio da Casa encheu-se de gente curiosa e pronta a ouvir a sua proposta acústica, canções ainda em fase de acerto para um novo disco e outras, mais antigas, saídas do primeiro álbum "Anacoreta". Voz forte e versos em castelhano de inspiração poética e do dia-a-dia da natalícia Toledo envolveram os acordes vincados da sua guitarra espanhola, uma sonoridade não muito habitual por estas bandas, mas, por isso mesmo, a merecer toda a atenção. Pela quantidade de palmas e de pedidos de "mais uma", o género parece ter seguidores.
Começa a ser um hábito que a principal noite da Festa apresente um projecto desempoeirado ou burlesco. Os Bonaparte (2010) ou os Gravy Train (2009) são exemplos passados deste tique programático, embora de eficácia, quanto a nós, muito questionável. Este ano coube às Chicks On Speed assumir esse papel de interactividade e provocação, mas, sinceramente, o resultado ficou novamente muito aquém das expectativas. Bem se esforçaram as meninas por lançar desafios à imensa plateia do prado, mas os tiros saíram sempre ao lado. Começaram de forma séria, cobrindo "Revolution Will Not Be Televised" em homenagem a Gil Scott-Heron falecido na véspera e a partir daí ligaram o interruptor do electro, mas a corrente pareceu fraca e desinspirada. Salvaram-se as imagens de fundo, um assinalável e arrojado melting-pot visual merecedor de destaque e que espelha o interesse da dupla pelo universo da arte, moda e multimedia. Não faltou, é claro, o hit "We don't play Guitars", mas ficou por perceber, já agora, o porquê da presença dum desgraçado baterista no meio do palco completamente abafado pelos samplings e programações... Só mesmo "Wordy Rappinghood" dos velhinhos Tom Tom Club, com que terminaram o espectáculo, para animar um pouquinho a noite.
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