terça-feira, 25 de março de 2014
(RE)VISTO #57
À PROCURA DE SUGARMAN
de Malik Bendjelloul. Red Box Films/Passion Pictures/Protagonist, DVD, 2012
Já muito se disse e escreveu sobre a incrível história de Sixto Rodriguez, fonte inspiradora do melhor documentário de 2013 para a academia americana. Sem conhecer qualquer outro dos concorrentes, não duvidamos da justeza do prémio para este "À Procura de Sugarman", um notável e feliz registo das várias vidas de um músico e da sua música, um emaranhado nebuloso de coincidências e fervilhantes acasos mesmo à espera da luz do dia... Agora que a "poeira maior" já assentou, nada como pegar na edição DVD saída com um jornal diário e, finalmente, comprovar todos os pormenores que fomos ouvindo de boca em boca ou os muito relatos que a imprensa escrita não resistiu a destacar ao longo do ano passado. O busílis não é novo mas é sempre sedutor - o "artista vs sucesso" ou, melhor, a "qualidade vs indiferença" em que o universo humano é pródigo e que, no caso particular da música, é germinador de verdadeiras lendas. Apelidado de "novo Dylan", Rodriguez gravou dois álbuns fabulosos, tocou em algumas salas e muitos bares e, como muitos, desistiu. Sem vender discos e sem editora, voltou ao seu dia a dia de simples trabalhador por Detroit enquanto o tempo tratou de apagar esta sua faceta por esquecimento ao longo de vinte e cinco anos. Mas, há sempre um "mas" que conta, havia um país noutro continente onde a sua música se tornou obrigatória e influente - numa África do Sul ditatorial as canções passaram de casa em casa, de geração em geração até que o advento da Internet permitiu uma "ressurreição" inesperada para quem, por lá, era dado como morto. A história de tão inverossímil rapidamente nos agarra, mesmo que o realizador exagere no mistério, ao mesmo tempo que os temas originais do próprio Rodriguez fazem o resto. E o resto, neste caso, é história, feliz por sinal, o que trouxe o músico novamente para cima dos palcos. Primeiro na ávida África do Sul e depois, mais recentemente, até à Europa como aconteceu em 2013 muito por culpa do sucesso deste filme. O orelhudo "I Wonder" serviu até de banda sonora dos spots televisivos do Festival Primavera Sound portuense mas um cancelamento nunca muito bem explicado acabou por adiar a estreia portuguesa que, esperemos, venha em breve a confirmar-se (o artista, diga-se, está por esta altura em digressão europeia). Hoje, há agora muito mais para ver e comparar - antigos programas de televisão, concertos ao vivo na totalidade, entrevistas reveladoras, etc. - e a sensação que tudo nos sugere é que esta aparente história de uma vida esconde ainda muitas outras facetas e omissões que estão ainda por contar... Vai dar (outro) filme!
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