quarta-feira, 26 de abril de 2017
CAETANO VELOSO, Coliseu do Porto, 25 de Abril de 2017
Como escrevemos há alguns anos "Ir a um concerto de Caetano Veloso, sozinho com o violão, sugere-nos sempre uma dupla aspiração: que haja surpresas e que o alinhamento contemple todas e mais algumas daquelas canções porque suspiramos. Parece incompatível (...)". O de ontem no Coliseu do Porto cumpriu esse desígnio mas a vertente da surpresa transbordou numa cintilante escolha de canções que nunca lhe tínhamos ouvido ao vivo, um "alinhamento desalinhado" e, como já alguém fez notar, de "restos de colecção". Mas que restos! Mantêm-se a plena forma de uma voz e guitarra enormes, aquela simpatia ternurenta que nos emociona e tolda os sentimentos quando do silêncio sepulcral da sala emanam canções-monumentos a que se presta veneração eterna enquanto se soletram baixinho as letras que sabemos de cor. Não faltaram, contudo, clássicos obrigatórios como "Leãozinho", "Menino do Rio", "Sozinho" ou "Luz de Tieta" e a Caetano devemos ainda a façanha de nos apresentar a voz de Teresa Cristina e a viola de Carlinhos Sete Cordas. Numa primeira parte, este duo homenageou da melhor forma o legado de Cartola mas quando, no final, se juntou a Veloso, a noite ganhou contornos de arrebatamento contido onde a limpidez da voz da até aí desconhecida e o jogo de guitarras fez imediato furor entre a plateia rendida. Há, como sempre, uma "Força Estranha" que continua a dar-nos a primazia e a felicidade de ter em Caetano um imparável artista que nos ajuda a gostar cada vez mais de música e a aspirar, simplesmente, a ter uma vida melhor. Um abraçaço... forte!
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário