segunda-feira, 4 de junho de 2007


SERRALVES EM FESTA
2 e 3 de Junho 2007

Do fim de semana em cheio de Serralves, deixamos algumas notas rápidas e respectivas fotografias sobre os momentos musicais presenciados, embora tenham existido inúmeros outros que, por falta de tempo ou incompatibilidade de agenda (pois é ...), não conseguimos ver. Assim:




WILLIEM BREUKER KOLLEKTIEF
Sábado, Prado, 18.00h

Formado por 10 músicos experimentados, o colectivo toca jazz de uma forma não convencional, misturando-se estilos e velocidades num contínuo desfile de variações. Cada um deles tem direito a “saltar” para o centro do palco para brilhar individualmente, mostrando as suas capacidades e qualidades. Os temas são perfeitamente ampliados e revistos, desde Gershwin ao “Malhão”, este último literalmente retorcido e decomposto pelo pianista de serviço. Em fim de tarde soalheiro, deitadinhos na relva, este foi um excelente lounge preparatório para a festa que se adivinhava!

7 MAGNÍFICOS
Domingo, Prado, 1.00h
A tenda instalada no Prado está ao rubro e a plateia imensa de gente que a rodeia vai esgotando a cerveja e a paciência para a conseguir (problema antigo...). A equipa de Dj’s do Porto está desfalacada (só contamos 6) mas, mesmo a jogar com menos um, o ritmo é vigoroso e sem tréguas para o que contaram com o apoio nítido da água amarela (águas da Cuf)! Passagens? Coerência sequencial? Nada disso... De James Brown aos Prodigy, de White Stripes on rap à Internacional Socialista, com que terminaram anarquicamente o set, vale tudo menos tirar olhos. Unidos venceremos!


JOAKIM AND HIS ECTOPLASMIC BAND
Domingo, Prado, 2.15h

A versão de produtor e remisturador de Joakim teve nos últimos anos um upgrade: formou uma banda em jeito tradicional (bateria, baixista e guitarrista) e juntou-lhe os sons do seu aparelho Korg e não só. O resultado é consistente e até revigorante. Pena que a actuação tenha durado pouco (menos de uma hora) e que Joakim, do alto dos seus quase dois metros, tenha demonstrado falta de entusiasmo e/ou inspiração. A confirmar another time another place.

DIPLO
Domingo, Prado, 3.00h
Com uma aura e fama consideráveis, pela numerosa lista de remisturas para gente graúda que realiza, achamos Diplo uma perfeita desilusão. Apelidado de eclético e bombástico, assistimos a um desfilar de misturas, mashups, kuduros e quejandos em loop duvidoso, ao que junta alguns pozinhos de pop-rock clássico como Kim Karnes ou hits modernos dos Hot-Chip. Nalguns momentos ”aquilo” chega a roçar o azeite... A dúvida era partilhada por muitos: no seu set não vimos um único disco, mas sim um simples computador que, aparentemente, controla e onde terá carregado somente no Play do ficheiro previamente gravado?




PANDA BEAR
Domingo, 19.30h, Ténis

O músico Noah Lennox, um dos membros dos Animal Collective, surge neste projecto sozinho. É assim que ele aparece no magnífico espaço desportivo de Serralves, transformado em sala ao ar livre e centro de um pulmão verde deslumbrante. O concerto, sem pausas, consta de diversos suportes rítmicos pré-gravados aos quais acrescenta a sua voz. O resultado é bem interessante, seja nalguma pop clássica à la Brian Wilson ou em electrónicas planantes e sincopadas plenas de bom gosto. Alguns iam desistindo, sendo as cadeiras imediatamente ocupadas por outros interessados e certamente mais jovens... Calmo e embalante!

THE WORLD IS A MESS BUT MY HAIR IS PERFECT (THE CLITS)
Domingo, 21.00h, Celeiro
O espaço do celeiro não é muito grande e por isso está a abarrotar. A vocalista vai-se misturando com o público desafiando e provocando a participação. Palco não existe e a proximidade física mais o ritmo punk-rock faz-nos lembrar aquelas intensas festas/concertos de garagem! O duo português tem carisma e os temas estão bem esgalhados, num retorno de influência punk, electro e afins. A descobrir.

JOHN BUTCHER
Domingo, 22.00h, Casa de Serralves
Para que serve um saxofone? Tradicionalmente para ser tocado pelo sopro e dedilhado em teclas. Só que Butcher improvisa e liga-lhe amplificadores que permitem a distorção, o feedback e o ruído. Sons quase impreceptíveis ou em repetições crescentes a que é impossível ficar indiferente. A prova de como um saxofone pode ser explorado infinitamente. A surpresa do dia!


XIX – BEN NEILL E MIMI GOESE
Domingo, 23.00h, Prado

Do saxofone para o tompete em cinco minutos! O trompetista Ben Neill juntou-se a Mimi Goese (ex. Hugo Largo) neste projecto denominado XXI. Às composições de Neil tem aquele cariz atmosférico a que se soma a voz inconfundível de Mimi, num conjunto ambiental perfeito. Em palco, a vocalista apresenta-se carismática, provocando o público com os seus gestos ou interjeições. O projecto conta ainda com um baterista e um baixista de elevada qualidade e perfeitamente integrados A contornar o cenário são projectadas imagens da Holly Daggers, artista que atrás do palco adequa o ritmo a sequências indefinidas mas líndissimas. A cereja em cima do bolo de uma festa incontornável. Talvez por isso foram os únicos que tiveram direito a encore para delírio do rendido público.

4 comentários:

João Freitas disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
João Freitas disse...

Não poderia estar mais de acordo quanto a Joakim e a Diplo ( foram os únicos que vi).A Joakim faltou vigor tanto ao próprio como até a nós "público", mas a música é boa demais. A rever, sem dúvida. Quanto a Diplo...ninguém merece, acho que basta.

José Miguel Neves disse...

Ainda bem que em relação ao Diplo o vento era gratuito...Seria um pecado ter que pagar para ouvir "aquilo"! Abç

bitsounds disse...

parece que devia ter mesmo ido ver a Mimi :(