sexta-feira, 18 de março de 2016

MEMORABILIA #20
































A propósito da segunda edição do Piano Day, uma ideia de Nilhs Frahm que se celebra no dia 28 de Março um pouco por todo o mundo (imperdível a playlist resultante do evento de 2015!), fomos ao baú resgatar o nosso velhinho e maltratado piano de miúdo, uma prenda nada inocente dos padrinhos já lá vão mais de 40 anos! A peça em madeira com pouco menos de 40 cm estava, coitada, com mazelas difíceis de curar como alguns furinhos de infestação de caruncho (correctamente designado por Anobium puncataum, para que conste) e a falta de múltiplas cordas de metal, o que torna impossível a execução do instrumento. De resto, como se comprova pelas imagens, a madeira avermelhada adquiriu aquela patine que só o tempo consegue alcançar e que é quase um pecado tentar disfarçar, mantendo assim um aspecto milagrosamente saudável. O pequeno logótipo a verde no canto superior esquerdo refere-se à fábrica Claudio Reig, casa espanhola com sede em Alicante que ainda hoje produz brinquedos semelhantes e que ganhou notoriedade precisamente na construção e comercialização de instrumentos musicais em madeira, actividade que conta já mais de 75 anos. De tradição musical, a família mais próxima tentou sempre incutir-nos o gosto pela música e esta prenda de aniversário comprada, quase de certeza, no mítico Bazar Paris da Rua da Bandeira era só uma primeira e estratégica abordagem à aprendizagem do piano que, pouco tempo depois, haveria de começar. Sessões de solfejo, escalas repetidas, leitura de pautas que um dedicado avô paterno pacientemente nos ensinou, são hoje uma espécie de memória virtual já que dessa prática nada guardamos, sendo um teclado de um piano um quebra-cabeças indecifrável. Obviamente que o brinquedo servia para uma série infindável de tropelias que iam para além do simples carregar nas teclas: retirada a tampa frontal, o pequeno compartimento guardava "tesouros" como ovos de rola, escondia personagens de plástico como os terríveis Snorre ou o Tjure dos Vikings ou o local perfeito para uma garagem anárquica de carrinhos metálicos! Sendo assim, raramente nos sentamos no chão ao jeito do Schroeder que líamos e víamos nos álbuns do Carlitos/Charlie Brown para tocar seja o que fosse, mas também não tínhamos a companhia de nenhum Snoopy inspirador... Viva o piano!
(sugestão para hoje: Quentin Serjacq no Salão Brazil de Coimbra)                  


Sem comentários: