quinta-feira, 24 de março de 2016

PVC - PORTO VINIL CIRCUITO #17





















Nas férias escolares da Páscoa e com a chegada da Primavera, era certa uma ida à baixa do Porto para uma série de afazeres e compras da época na companhia da nossa mãe e, já agora, uma escapadela à Valentim de Carvalho da Rua 31 de Janeiro. Foi lá, afinal, que tudo começou com duas K7's dos The Beatles, uma história que já contamos por aqui e que nunca mais parou... Mantemos é uma dúvida sobre o efectivo local da loja que julgamos se ter situado, descendo a rua à esquerda, entre os números 210 e 220. Temos a memória de um espaço comprido e com um andar superior que os actuais e enormes vidros destes dois prédios sugerem, embora a Vadeca (as duas iniciais do nome da empresa) fosse um "acrescento" posterior da casa mãe situada mais abaixo no número 176, mesmo ao lado da vistosa Casa Vicent. Lá foi instalado um estúdio de gravação, como se comprova pelo anúncio de imprensa dos anos 40 recolhido pelo blog Restos de Colecção, mas não temos a certeza se funcionou também como espaço comercial. O famoso logótipo da empresa  - um V e um C embutidos num disco de vinil - é atribuído ao arquitecto Conceição e Silva e a empresa fundada em 1824 marcou a história de toda a música do país, um assinalável sucesso que teria um final trágico em 2009. Antes, a aposta forte na abertura de lojas - em 2001 eram 24 mas já em dificuldades- de oferta múltipla, de livros a instrumentos musicais, passando pelo DVD ou jogos de computador e espaços de cafetaria, seria uma fuga para a frente que o advento do mp3 haveria de ferir de morte tal como aconteceu a projectos quase paralelos semelhantes (é só lembrar os casos da Virgin, da Bulhosas ou a Megastore Roma no Bolhão). Nesta loja da baixa portuense compramos discos em vinil sem conta - o mais importantes dos Beatles, Pink Floyd e alguns Rolling Stones - e em plenos anos 90, aquando do definhar do formato, acabamos por adquirir uma imensidão de outros bandas e artistas cujos catálogos (da Island, nomeadamente) estavam ao desbarato (p. ex. John Cale). Fizemos, neste âmbito, algumas boas descobertas (os The Innocence Misson!), corremos riscos, cometemos gaffes e vasculhamos com êxito até em K7's VHS, mas rapidamente o monstro FNAC haveria de se instalar (1998) confortavelmente no negócio, aniquilando qualquer concorrência que só mesmo o Carrefour de VNGaia aguentou durante algum tempo.  

Vadeca (?), Rua 31 de Janeiro, 210 ou 220, Porto













Estúdio Valentim de Carvalho, Rua St. António, 176, Porto














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