segunda-feira, 3 de fevereiro de 2020

M. WARD, CIAJG, Guimarães, 1 de Fevereiro de 2020

fotografia do facebook do CIAJG















Sobre a passagem em estreia do calforniano M. Ward por Guimarães perante uma sala quase cheia ficamos com uma dupla sensação, ambas de insatisfação. A primeira é essa mesmo, o de ter sido uma simples passagem leve sobre o seu cancioneiro já longo e moderno onde o folk e o blues se confundem na essência das canções mas a que faltou intensidade, vontade e até concentração para que a vibração fizesse mais efeito e mossa. A segunda, talvez mais inesperada, a de algum amadorismo quer na pobreza do som das guitarras e da voz quer no jogo de luz em palco, um aparato a roçar o sofrível e que, atendendo ao modernismo do local, se afigurou incompreensível e até estranho.

Gostamos e apreciamos alguma descontração e relaxe nesta relação sempre surpreendente entre o artista e a plateia mas a desenvoltura apresentada talvez fosse a mais apropriada a um qualquer showcase de fim de tarde e não de alguém que, como frisado, viajou de tão longe para ali estar a fazer o que mais gosta perante, como também notado, uma maioria de velhos fieis conhecedores. Mesmo assim, não deixamos de registar um certo prazer nalgumas das escolhas de um alinhamento imprevisível e que foram o caso de "Rave On" e "I Get Ideas", duas versões alheias a que só faltou acrescentar uma qualquer de Nick Drake que Ward costuma, e bem, escolher.

Quanto à estreia de alguns dos novos temas do álbum a sair em Abril e que foram o motivo promocional da estadia, não deslumbramos ainda muita da previsível eficácia mas a sua óbvia falta de rodagem impediu uma absorção mais satisfatória. Talvez por isso, foram cruciais os pedidos vindos das cadeiras - "Helicopter", "Poison Cup" e "Shangri-La" - mas o magnífico "Shark" que ainda sugerimos bem alto quedou preterida por ser "to depressive"... Na boa, também nos lembramos de "Slow Driving Man" mas às tantas a justificação acabaria por ser a mesma, porquanto, valeu ouro o incontornável "Let's Dance", talvez o grande momento do serão e que, por si só e na sua beleza, pagou um ou outro qualquer desconforto e, já agora, o bondoso preço do bilhete.

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