segunda-feira, 7 de novembro de 2022

STEREOLAB, Hard Club, Porto, 4 de Novembro de 2022

Passaram três anos sobre a reunião dos Stereolab que teve no Parque da Cidade do Porto um dos primeiros testes públicos. A validade desse momento, testemunhado com prazer e alguma surpresa, merecia uma insistência mais prolongada na partilha e intensa na proximidade, o que no caso se afigurou ainda mais atractivo com a inesperada ocupação da sala mais pequena do clube portuense. Plateia, por isso, densa e quarentona mais que pronta para o reencontro com a pop do colectivo anglo-francês, mesmo que não haja canções novas ou inéditas para apresentar. A qualidade intocável do seu passado artístico chegava para que as expectativas mais exigentes não fossem defraudadas ou sequer postas em causa. 

O alinhamento escolhido foi nivelado pela diversidade que sempre os caracterizou, uma mistura de combinações electrónicas e de um apurado revivalismo exótico saído da guitarra de Tim Gane e que teve nos quase vinte minutos de "Refractions in the Plastic Pulse" o exemplo corajoso e perfeito de um vanguardismo ainda hoje refrescante e continuamente influente, matriz agitadora que outras maravilhas como "Miss Modular" ou "Harmonium" multiplicaram no entusiasmo do público. 

A camada vintage destas e das outras canções assentou numa voz de Laetitia Sadier nem sempre de acerto imaculado mas irrelevante para a eficácia e competência de um colectivo de que aprendemos a gostar pelo hipnotismo poderoso e experimental das melodias - "Super-Electric" e o incontornável "French Disko", já no encore, foram pois exemplarmente recebidas de braços e mentes abertas ao jeito de novidades fresquinhas saídas de um laboratório moderno... com mais de trinta anos. Oh, mon dieu!

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