Foi bom ver de volta Mariana Ricardo depois dos saudosos Pinhead Society e dos desaparecidos Munchen. Foi ainda melhor saborear canções em inglês de travo lusitano que, para além de uma pequena bateria e um baixo electrico, não dispensa um cavaquinho/ukelele! O conjunto de temas apresentado já há muito circula por aí, mas nós, distraídos, não demos conta. Gostamos particularmente de "Sunday is a common day", mesmo a acabar, por andam passeiam o Lou Reed e os Belle & Sebastian... Uma óptima surpresa, infelizmente a única da prometedora noite.
Classificados como "arrasadores", os Here We Go Magic, só em parte confirmaram esse título. Em final de tournée, o colectivo de Brooklyn até começou bem, com destaque para a sequência "Collector" e "Dual", dois dos pedaços mais bem conseguidos do último álbum "Pigeons". Depois, estranhamente, o espectáculo entrou em ritmo de cruzeiro, optando a banda pelo esticar de temas em registo psicadélico. Sem direito a encore, talvez o HWGM estivessem já a pensar num Domingo de praia na Costa Nova, pois o entusiasmo em cima do palco foi, francamente, insuficiente.
O regresso de Scout Niblett a Aveiro, desta vez na sala principal da cidade, foi uma experiência nada comparável ao íntimo concerto realizado há precisamente dois anos no Mercado Negro. Havia, agora, um novo disco para apresentar, mas a noite não correu de feição. Logo a abrir, um amplificador recusou-se a funcionar, mas a sua susbtituição só agravou a nítida má disposição da artista, já que o ruído de fundo manteve-se, de forma incómoda, até ao fim. Niblett nunca disfarçou a irritação, mas a indisposição até pareceu beneficiar a interpretação zangada de algumas canções. A fúria foi ainda mais notória quando assumiu, pela única vez, a bateria em "You're Beat Kicks Back Like Death" para nos fazer lembrar que "We're all gone die, we don't know when, we don't know how". Não houve conversas, apartes ou sugestões, tal como na versão simpática de 2008, onde chegou até a ser pedida em casamento. Não houve, também, apresentações, nem sequer do baterista que a acompanhou em alguns temas e que se limitou a entrar e sair do palco às ordens bruscas da artista. Quanto a encores, era, obviamente, uma ousadia. Pelas boas e más razões, este foi um concerto que ninguém vai esquecer, mas que muito dificilmente alguém vai querer repetir nos próximos tempos. Só se a medicação for alterada...
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