segunda-feira, 29 de novembro de 2010
THE DIVINE COMEDY, Centro de Artes e Espectáculos São Mamede, Guimarães, 27 de Novembro de 2010
Da anunciada primeira parte dos concertos portugueses dos Divine Comedy, a cargo de Cathy Davey, ninguém deu pela falta e também não houve muitas queixas. Foi assim que, um pouco depois da hora marcada, Neil Hannon entrou em palco de cachimbo na boca, mala e chapéu de coco como adereços de um fato preto a rigor, mas já de gravata torçida e se sentou ao piano mesmo ao lado de uma garrafa de vinho tinto. Ao jeito de aquecimento, já que a temperatura na sala era, tal como a noite lá fora, bem fria, desculpou-se pela demora no regresso a Portugal enquanto gozava, apontando para todos nós, com o fatal pedido de ajuda financeiro português antes do muito a propósito “The Complete Banker”. Quebrada alguma cerimónia, atirou o chapéu para trás do palco e anunciou “Everybody Knows”, um oldie como foi chamado a que acrescentou um irrepreensível “The Certainty of Chance”. A festa estava, então, lançada. Plateia em pé bem perto, palmas, compassos e letras sabidas de cor pela maioria, mesmo que seja “I Like”, tema recente, mas de irresistível balanço. Já à guitarra, onde notoriamente exige a si próprio mais concentração, atacou “Becoming More Like Alfie” e “Perfect Love Song”, dois exemplos cimeiros do que deve ser uma canção pop. Imitou, com a voz, solos de guitarra ou Hammond e mesmo com o da capo umas oitavas acima, um “pormenor” que só o ouvido atento do manager se deu ao trabalho de corrigir, entrando em palco para, ele próprio, alterar a posição do objecto num dos momentos mais hilariantes da noite, demonstrou excelente forma. De volta ao aconchego do piano, desculpou-se por não ter nenhum tema de nome “Portugal” e por isso escolheu o épico “Sewden”, mas com a “Indie Disco” de palmas e estalar de dedos colectivo a preceito, a noite estava já ganha. Como prémio, uma versão arrebatadora e inesperada de “Dont You Want Me” dos Human League e o cumprir de um pedido prévio (“The Plough”) dedicado a uma tal Helena que ele confessou não conhecer... De novo de guitarra em punho, não esqueceu “A Lady of Certain Chance”, tocante pedaço de lírica e composição e “Songs of Love” com o tradicional e afinado coro de assobios. Até ao final, um desfilar de clássicos ao piano: “Generation Sex”, “The Pop Singer’s…”, “Our Mutual Friend” (uaauu!) ou “Tonight We Fly”, momentos best of continuados já no encore com “The Frog Princess” e “National Express” com os seus “pa, parara, pa, parara” em coro. Claro que faltaram mais alguns hits (“The Summerhouse”, “Something For The Weekend”, “If…” ou “Your Daddy’s Car”) mas não houve tempo para mais. Um one man show que teve já direito a disco ("Live at Summerset House") gravado no verão passado (que foi pena que não estivesse à venda no local) e, como se fosse preciso, um espectáculo a solo que reforça e confirma Hannon como um dos grandes compositores da pop das últimas duas décadas. Cheers!
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