sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

(RE)VISTO #42





















ELVIS PRESLEY
THAT'S THE WAY IT IS
de Denis Sanders, MGM, 1970
Canal TCM, Quarta-Feira, 8 de Fevereiro de 2012
Thomas (David Hammings) atira a bola de ténis invisível para dentro do court sob vigilância da troupe de miméticos, confirmando as horas enquanto se ouvem os sons da bola a ser jogada. A câmara afasta-se e "Blow Up" termina, numa das cenas míticas do cinema dito moderno. Um filme que não cansa ver, uma obra-prima de Antonioni que devoramos/recordamos no passado serão de quarta-feira via TCM, aquele canal cafona que supostamente ninguém vê mas por onde, obviamente, passeiam clássicos-maravilha. Ainda enterrados no sofá a digerir gostosamente a película e a suspirar por aquela Redgrave, levamos de seguida, no mesmo canal, com o genérico de "That's The Way It Is", onde um Elvis Presley frenético canta o "Mistery Train" (video abaixo). Claro que ficamos, outra vez, espectados. O documento não é inédito no TCM, onde já foi repetido vezes sem conta. Nunca lhe tinhamos, no entanto e injustamente, prestado a merecida atenção. Projecto e investimento da MGM, o filme retrata o regresso de Presley às actuações ao vivo em 1970, depois de longos anos de ausência, desde os ensaios prévios até à consagração em concerto no Hotel Internacional da cidade. Os primeiros minutos, precisamente os que se referem a todo o processo de treino, são encantadores. Um Presley brincalhão, mas rigoroso, apalhaçado, mas talentoso é o centro da atenção de uma banda recheada com o que de melhor ao nível de instrumentistas e cantores havia para oferecer. Gostamos mesmo muito duma versão de "Get Back" dos Beatles que por lá é tocada colada a outras tantas canções. Depois há o Elvis em palco, que não difere muito do Elvis backstage, ou seja, charmoso, quase displicente na forma como canta ou interrompe uma canção, mas onde a uma voz incomparável se juntam aqueles movimentos e gestos tão característicos, exagerados para uns, mortais para toda a plateia feminina em desmaio colectivo pelos beijos, autógrafos e lenços molhados com suor que o Rei fazia questão de distribuir. Um filme com algus truques, mas essencial para perceber um fenómeno ainda hoje extraterreste, e que culmina, antes de cair o pano, com uma versão memorável (ouçam bem aquele baixo!) e pré-Pulp Fiction de "Suspicious Mind".  



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