quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

MEMORABILIA #10

























Desde sempre, temos por hábito guardar bilhetes de concertos. Não de qualquer concerto, mas unicamente daqueles em que, obviamente, estivemos presentes. Claro que ao fim de alguns anos o simples acto de os amontoar numa gaveta começou a pesar-nos na consciência e decidimos, então, alinhá-los cronologicamente ao jeito de poster de parede. Este que acima se reproduz é o primeiro de quatro conjuntos que "despachamos" para afixação por terras mindelenses em local sem luz natural directa, o que tem favorecido e de que maneira, apesar da humidade, a sua preservação. Ao pormenor, cada um destes pedacinhos de memória são um despertador de peripécias e recordações, umas mais vivas que outras, e uma prova inequívoca dos nossos gostos, paixões ou desilusões
Assim, entre Dezembro de 1986 e Novembro de 1990, período a que se refere este conjunto inicial, estivemos em quase quarenta concertos, uma boa média por alto de 12 espectáculos por ano. Proliferam os GNR (5 concertos), referente ao primeiro bilhete (Carlos Alberto, Dezembro de 1986) e há até um deles que diz respeito ao espectáculo da banda no pavilhão da escola secundária de Rio Tinto, a 100 metros de casa. É que nesses tempos eles eram, sem dúvida, apetecíveis. Depois há Rui Veloso e o concerto do Coliseu que deu direito até a disco ao vivo, os Trovante, os Heróis do Mar na primeira parte dos Blow Monkeys numa memorável noite de queima coimbrã, concerto gravado em cassete a partir dum Sony emprestado. Eram tempos de os Madredeus começarem a dar cartas e por aqui anda o pequeno bilhete da estreia mundial da banda, também no Carlos Alberto, na primeira parte dos Sétima Legião (20 Novembro de 1987) e que em três anos esgotavam o Coliseu do Porto (4 Maio 1990). Há também os Woodentops e os Lords Of New Church na mesma noite em sítios diferentes, os Pogues nas Antas e uma rábula à volta do brinco (anel?) perdido em palco pelo Shane MacGown, o Kid Creole e as suas Coconuts no Coliseu com direito a projecção do filme "La Bamba" (shhhh), uma ida e vinda de camioneta à última hora via Terra Nova só para não perder estreia dos Cure em Portugal (20 Junho 1989), o Bowie em Alvalade mas que era para ser no Restelo, o Peter Murphy no Rivoli com o palco a ceder e o artista a compensar os danos cantando para a rua lateral a partir da janela (é verdade), os Go Betweens e o bilhete assinado numa história mirabolante e inesquecível, os The The nas Antas e o primeiro dos Smiths (Johnny Marr) a pisar solo português, os Jesus & Mary Chain às escuras no Infante Sagres, os Sisters of Mercy no Coliseu à pinha e trajado de preto, o Loyd Cole em ascensão meteórica, os 10 000 Maniacs, Bolshoi ou Felt de que já não nos lembrávamos, o Dorutti Column na Indústria cheia de gente conhecida (Reininho, Pragal, etc.), o saudoso BB King coadjuvado pelo Veloso, os Vaya Con Dios no Infante Sagres e a imensa surpresa da primeira parte: Andy White, um irlandês que rodava muito pelo "Som da Frente" e que era um dos nossos heróis de então e com quem estivemos à conversa no bar quase o espectáculo todo dos belgas. Já chega. Ah, é verdade, vimos mesmo os Mission duas vezes em pouco mais de um ano...

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