sábado, 5 de maio de 2012

MEMORABILIA #11





















Este segundo poster com bilhetes de entrada em concertos compreende o período de 1991 a 1993. Começa com os brilhantes Psychedelic Furs no Vale Formoso (20 de Setembro de 1991) e, sim, eles cantaram o "Heaven" e os Stranglers no Infante Sagres (27 de Setembro de 1991), talvez o único espectáculo em que alguma vez saímos a meio, já que a voz de Cornwell foi nessa altura substituída por um tal Paul Roberts e a coisa era mesmo má. 
Excelente o quarteto de Philip Glass (1 de Maio de 1992), o que já não se pode dizer de uma noitada de Queima com os A Certain Ratio e Cabaret Voltaire com os Sitiados à mistura no Pav. Rosa Mota, já que a horrível acústica do espaço arrasou qualquer expectativa mínima. Também, nestas ocasiões, como agora, o povo queria é cerveja, muita. Pela mesma razão os James (9 de Maio de 1992) na Pavilhão da Antas não correu nada bem apesar da enchente. 
Em quinze dias e de muletas por uma entorse no tornozelo devido a andanças voleibolísticas, não foi fácil chegar duas vezes ao Coliseu e mantermo-nos sentados durante o Chic Corea (15 de Maio de 1992), o que se tornou ainda mais problemática com os Gypsy Kings (31 de Maio de 1992), pois tivemos que trepar até ao "galinheiro", mas o esforço valeu a pena já que, com a ajuda e agitação da comunidade cigana no local, foi uma festa e risota do princípio ao fim. 
Bem mais soturna foi a ida à capital para a estreia portuguesa (?) de Lou Reed (Coliseu de Lisboa, 4 de Abril de 1992) entre gritos de "Velvet, Velvet" dos fãs mais ansiosos, mas o artista não lhes ligou nenhuma e apresentou "Magic & Loss", um disco sobre a morte, na totalidade... 
Uma vez mais o Nick Cave esgotou o Coliseu (4 Setembro de 1992),a June Tabor enfeitiçou o Rivoli (2 Março de 1992) e ficamos apanhadinhos com a Kate St. John a tocar e encantar com o Van Morrison (2 de Julho de 1992) no Cuartel de Conde Duque de Madrid, um espectáculo incomparavelmente superior ao que o mesmo Morrison haveria de apresentar no Porto no ano seguinte.
Eram tempos em que ainda não tinhamos desistido da música portuguesa e há por aqui entradas para ver os Resistência, o Rui Veloso, os Zero (lembram-se? Os Ban reformulados...) e até uns Sétima Legião como cabeças de cartaz de um festival Intercéltico (19 de Abril de 1993). 
Memorável a Zoo Tv dos U2 (15 de Maio de 1993) em Alvalade com bilhete comprado sem filas umas semanas antes... Depois há também a Oyster Band no Rivoli (26 de Setembro de 1992), um dos concertos com menos público onde até hoje estivemos, o Julian Cope e a segunda incursão dos Pogues na cidade. 
Quanto aos Cult na Gartejo (15 de Junho de 1993) na véspera de abrirem para os Metallica em Alvalade e em que os bilhetes eram de uma preciosidade invejável, fica para a posteridade uma queda do baterista pelas escadas abaixo quase no fim, talvez devido à humidade e fumaça sufocante do local e onde quase não se respirava mas se escorregava demasiado. 
Da Anne Clark no Rivoli não nos lembramos de nada e quanto aos GNR a encherem o Estádio das Antas (19 de Junho de 1993) foi mesmo a último vez que os fomos ver ao vivo. Ver, vimos o mestre Ray Charles (27 de Junho de 2003) do "galinheiro" e deu para perceber toda a sua técnica e sabedoria ao piano.
Escolhemos os Depeche Mode (10 de Julho de 1993), um serão que tinha também na ementa o Bob Dylan no Coliseu e ainda hoje temos dúvidas se foi a melhor aposta! Gritamos bem alto o "We Care A Lot" com os Faith No More (30 de Junho de 1993) no demolido pavilhão do Boavista e quanto aos Gene Loves Jezebel na Praça de Touros Póvoa de Varzim (6 Agosto de 1993) só se explica como mais uma daquelas tontarias colectivas de verão que acabam por saber bem.
Fechamos com chave de ouro, uma semana depois, com um indefinido Prince (15 Agosto de 1993) na altura chateado com a Warner Brothers e por isso auto-baptizado de "O Artista", mas que em Alvalade foi tratado aos gritos por "Victor". Uma das boas surpresas da noite foi o "Sometimes It Snows In April" cantado nos batidores, ou seja, sem ser em palco, perante uma multidão já em extâse e em plena veneração.

Sem comentários: