segunda-feira, 8 de junho de 2015

XYLORIS WHITE+BAXTER DURY+FOXYGEN+KEVIN MORBY+DEATH CAB FOR CUTIE+SHELLAC+DAN DEACON+UNDERWORLD+OUGHT, Primavera Sound, Porto, 6 de Junho de 2015
















Na tarde mais calorenta do festival, nada como começar pela certa - o génio da bateria Jim White juntava-se ao tocador de lute de creta George Xylouris e a parceria só podia dar em benção. Xyloris White no palco ATP serviu para retemperar forças, respirar fundo e sorver uma sonoridade musical de uma dimensão especial e de difícil, mas dispensável, definição. Doutro mundo!     





O regresso de Baxter Dury ao festival portuense fê-lo subir de posto. Palco grande, fim de tarde solarengo ao contrário da chuvinha de há dois anos e uma presença um pouco mais sóbria... Mantêm-se aquela pose desafiadora, os tiques inesperados e muita dose de boa música pop cativante que agarrou o público desde o início até ao fim. Contamos duas caixas de Ferrero Rocher atiradas aos poucos para a plateia animada e desejosa - "apetecia-me algo..." - e o concerto manteve-se sempre apelativo e um bom aquecimento para a paródia que se haveria de seguir. Volta sempre!       







Há muito esperados, há muito desejados, os Foxygen não fizeram a coisa por menos e partiram a loiça toda! A perfomance ao jeito de pantomina é uma surpreendente amálgama indefinida de estilos musicais que o último álbum "... And Star Power" bem espelha mas que em palco sofre um upgrade visual e teatral completamente inesperado. Coros e danças indecorosas, correrias e quedas, abandonos de palco, birras, jogos de cartas ou crowd surf controlado, são só algumas das façanhas comandadas pelo irrequieto mestre Sam France que, sem pausas desnecessárias, transformaram o concerto num espectáculo ofegante. Depois, e não menos importante, há ainda a música e as canções que o outro mestre encoberto chamado Jonathan Rado supervisiona de cima do seu trono de teclados e que pode um ser um psico-rock azeiteiro, um soul clássico de falsetes ou até uma suspirada balada como "San Francisco" que sai da amplificação enquanto abandonam o palco para mudar de roupa! Uma abanão forte de uma banda que, não esquecer, intitulou um dos seus discos de "We Are the 21st Century Ambassadors of Peace & Magic". Na mouche!





Para quem assistiu ao concerto de Kevin Morby no palco/tenda do recinto a memória só poderá ser uma - brilhante! Fala-se em Dylan, argumenta-se com Neil Young, mas o que é certo é que Morby tem um estilo e uma composição que, não disfarçando tais influências do passado, é muito própria e irresistível e que nos agarrou desde logo sem contemplações. Muita classe é o que é!    





Perdoada que está a falta de comparência de 2013 por motivos nunca muito bem explicados, os Death Cab For Cutie tinham agora uma oportunidade para finalmente se redimirem. Em parte conseguiram-no com canções fortes do último disco, mas foi mesmo o velhinho "The New Year" que nos encheu as medidas. A voz de Ben Gibbard continua sedutora, o balanço indie ainda fervilha e quanto ao resultado final só poderá ser mesmo um empate com sabor a competência. Foi pena o baú não se ter "aberto" um pouco mais...      





A sede e fome apertavam e por isso depois de uma passagem gulosa pela Padaria Ribeiro e uma cerveja preta saborosa, fizemos de tudo para escapar no bom sentido aos Ride. Café, gelado da Santini (!), visitas rápidas a outros palcos para picar os The KVB ou os obrigatórios Shellac e até uma incursão pelo início dos The New Pornographers para confirmar se o Dan Bejar andava por lá. Negativo, e por isso estava na hora da ginástica.   







A lenda nerd que dá pelo nome de Dan Decon é um sabichão! De cima do palco controla o ambiente, provoca desafios, anima querelas, separa as tropas e depois, carregando forte no play com ajuda de uma bateria, lança as bombas. Começa então a agitação colectiva quase sempre em doses de pelo menos cinco minutos que a malta tem é que suar. O resultado é francamente estimulante e libertador e devia ser obrigatório que durante o seu concerto houvesse happy hour nas barraquinhas da cerveja!  





Em 1995, a suar por todos os poros, estivemos no Rock's de VNGaia para nos rendermos aos Underwold. Na altura a sua sonoridade abria uma dimensão inexplorada da chamada música electrónica ou de dança que se concretizou no mítico disco "Dubnobasswithmyheadman". Passaram mais de vinte anos e era esse título em letras gordas que estava agora bem visível no palco principal do festival à espera do comando inicial. Tema a tema, tal como um qualquer DVD caseiro, o agora duo lá foi sem falhas fazendo avançar o disco mas o desafio rapidamente se tornou maçador. Bem aconselhados, decidimos abandonar o relvado principal com a promessa de lá voltarmos se houvesse hipótese, o que viria acontecer como o provam os registos abaixo...             





São canadianos, tem um álbum excelente na editora dos GSYBE e, para os mais distraídos como nós, quase que nos escapavam. Na hora certa, uma dica certeira levou-nos até aos Ought que fechavam o palco ATP e o momento bem emoldurado de gente valeu bem a pena. Rock com algo de experimental sem fugir a uma tradição melódica que alguns já conheciam em canções como "The Weather Song", "Pleasent Heart" e o maravilhoso "Habit". Grand finale!  


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