Já lá vão três anos desde que a menina Jeniffer Anne Ognibene de seu nome completo gravou um grande álbum na companhia do mago Jonathan Wilson a que chamou simplesmente "Automechanic". Ficou o mundo a conhecê-la por Jenny O. e esse trabalho tinha, pelo menos, uma viciante canção que andou meses a tocar nas nossas playlist - "Lazy Jane" ainda hoje causa o mesmo efeito de surpresa! Na altura, vasculhando mais um pouco, descobrimos "Home", um EP anterior registado a medo no cantinho lá de casa de Long Island e rodado com amigos pelos bares de Nova Iorque. Surge agora a suposta continuação - responde pelo título de "Work" e mesmo que o formato EP de vinil só esteja pronto em 2017, os cinco temas inéditos estão já há algum tempo prontinhos para deleite enquanto há já um outro disco longo pronto e gravado com o mesmo Jonathan Wilson, o que é, sem dúvida, um bom sinal.
Melhor ainda é saber que Jenny O. irá passar muito perto para apresentações ao vivo (Ourense, 16 de Dezembro, Café Pop Torgal), abrindo para as quatro datas de Robert Ellis em Espanha durante o próximo mês, eventos com direito a cartaz/poster simplesmente espectacular!
quarta-feira, 30 de novembro de 2016
terça-feira, 29 de novembro de 2016
JULIANNA BARWICK, GNRation, Braga, 28 de Novembro de 2016
A notável perfomance de Julianna Barwick na sala escura do espaço bracarense deveria servir, pelo menos, para confirmar que a música não é nem nunca foi um fenómeno exclusivamente sonoro. As camadas sucessivas de loops, vozes ou outras texturas levaram-nos, de olhos fechados, para longe dali ou, abrindo-os, para bem perto e imaginando como deve ser difícil, parecendo fácil, a Barwick alcançar tamanha beleza sensorial. Serviu ainda para constatar que "Will" é um dos grandes discos de 2016, uma aventura artística arriscada mas que ao vivo se transforma numa hipnose colectiva de felicidade que nos deixou perfeitamente rendidos e a sonhar... acordados!
LONEY DEAR, REGRESSO EM FORÇA!
Desde muito cedo, ou seja, 2007, caímos na rede lançada pela música do sueco Emil Svanängen que responde quase sempre pelo nome de Loney Dear. Canções pop atraentes, bem feitas que o trouxeram nesse ano até à tenda do Festival Sudoeste (bons tempos!) para rodar o álbum "Loney, Noir" reeditado pela recomendável Sup-Pop já que o disco tinha já saído em nome próprio dois anos antes. Seguiram-se ainda mais dois trabalhos longos, muitas boas recomendações e imprensa mas a atenção merecida nunca haveria de acontecer e o pobre o Emil, carpindo tristezas e incertezas, hibernou sem deixar rasto a partir de 2011. O retiro, felizmente, parece ter terminado! Animado pela excelente recepção à cover de Emmylou Harris que apresentou no espectáculo do Polar Music Prize do ano passado com a aprovação presencial da própria artista, está agora prometido um novo álbum de nome "#7" na casa sueca Whoa Dad, havendo já fortes sinais do seu conteúdo: "Shivering Green" em video caseiro, "Hulls" como primeiro avanço e com direito a video-oficial, "Sum & Violent" dois em um registado pela La Blogothèque em Setembro passado por terras francesas, "Hambug" como um fabuloso exercício de "human studie" segundo o próprio e "December Lilies", uma prendinha lindíssima para aquecer a época que se aproxima... Pois que seja bem-vindo!
segunda-feira, 28 de novembro de 2016
FUTILIDADES!
Já aquando do cancelamento dos concertos de Charles Bradley em Portugal ocorrido no início de Outubro manifestamos o nosso desagrado quanto à notícia do "Jornal de Notícias" que fazia alusão errada a mais que um espectáculo em Lisboa, esquecendo-se que havia também datas marcadas para o Porto e Coimbra. Pois, não contentes com a falta de rigor, no dia em que supostamente esse concerto devia acontecer na Invicta não fosse o cancelamento por força maior, o mesmo jornal volta à carga destacando o suposto evento na secção adequada - "útil & fútil". Sem emenda! Respect, please.
domingo, 27 de novembro de 2016
MEG BAIRD + KEVIN MORBY, Auditório de Espinho, 25 de Novembro de 2016
A noite de sexta-feira em Espinho prometia. A expectativa elevada para apresentação de um dos grandes discos do ano tinha, afinal, uma primeira parte de luxo a convidar à calma. Meg Baird, dona também ela de um álbum de nota elevada editado em 2015 e senhora de um curriculum intocável com os Espers ou, mais recentemente, com o projecto psicadélico Heron Oblivion onde se assume como baterista (!), deu ao serão um toque de classe assinalável. Em alguns dos temas soou ainda a guitarra de Charlie Saufley, parceiro nos tais Heron Oblivion e colaborador bem presente na gravação de "Don't Weight Down the Light", o tal disco maravilha do ano passado. Pena que tivessem sido poucas as canções eleitas desse trabalho (contamos três), optando-se por outros mais rebuscados e longos como um tema tradicional que pareceu algo enfadonho. Mesmo assim, uma excelente oportunidade para confirmar ao vivo uma talentosa artista e um aquecimento à altura do que se iria seguir...
O regresso ao Porto ou arredores de Kevin Morby prometia consagração. Sem contemplações, ela aconteceu naturalmente junto de um público conhecedor e fã de longa data, uma admiração recíproca que levou Morby a ter na Invicta uma fonte de inspiração da sua música e um local de acolhimento. O momento para esse reconhecimento e partilha adivinhava-se como perfeito: sala cheia, aconchegante, som e luz sem reparos e um alinhamento a dar primazia a "Singing Saw", um dos grandes discos do corrente e que muitos de nós trauteamos, já nesta altura, de fio a pavio (ok, faltou o "Drunk and on a Star" mas houve o novíssimo "Beautiful Strangers"). Acresce a coincidência do final da tournée com uma banda em notório domínio dos momentos, dos arranjos, dos tiques que cunharam muitas das canções de forma irrepreensível e soberba, quer nos muitos aguardados novos temas quer nos muitos que escolheu do reportório mais antigo. A este propósito, fica desde já aqui a confissão - da fila da frente, os dez minutos de "Harlem River", tema título do álbum de estreia de 2013 e o terceiro do alinhamento, constituíram um dos melhores abanões sonoros a que tivemos a felicidade de assistir durante o corrente ano e que sozinho poderia e deveria elevar Kevin Morby a um patamar muito alto no actual panorama do chamado folk-rock alternativo. Como prevemos, uma nova estrela no firmamento ameaçava sair do eclipse e, sendo assim, o concerto de sexta-feira serviu para a tornar, de forma merecida, definitivamente mais brilhante!
O regresso ao Porto ou arredores de Kevin Morby prometia consagração. Sem contemplações, ela aconteceu naturalmente junto de um público conhecedor e fã de longa data, uma admiração recíproca que levou Morby a ter na Invicta uma fonte de inspiração da sua música e um local de acolhimento. O momento para esse reconhecimento e partilha adivinhava-se como perfeito: sala cheia, aconchegante, som e luz sem reparos e um alinhamento a dar primazia a "Singing Saw", um dos grandes discos do corrente e que muitos de nós trauteamos, já nesta altura, de fio a pavio (ok, faltou o "Drunk and on a Star" mas houve o novíssimo "Beautiful Strangers"). Acresce a coincidência do final da tournée com uma banda em notório domínio dos momentos, dos arranjos, dos tiques que cunharam muitas das canções de forma irrepreensível e soberba, quer nos muitos aguardados novos temas quer nos muitos que escolheu do reportório mais antigo. A este propósito, fica desde já aqui a confissão - da fila da frente, os dez minutos de "Harlem River", tema título do álbum de estreia de 2013 e o terceiro do alinhamento, constituíram um dos melhores abanões sonoros a que tivemos a felicidade de assistir durante o corrente ano e que sozinho poderia e deveria elevar Kevin Morby a um patamar muito alto no actual panorama do chamado folk-rock alternativo. Como prevemos, uma nova estrela no firmamento ameaçava sair do eclipse e, sendo assim, o concerto de sexta-feira serviu para a tornar, de forma merecida, definitivamente mais brilhante!
sexta-feira, 25 de novembro de 2016
HOWE GELB, Auditório de Espinho, 24 de Novembro de 2016
quinta-feira, 24 de novembro de 2016
KEVIN MORBY COM MEG BAIRD!
Ao milagroso concerto de amanhã de Kevin Morby no Auditório de Espinho junta-se um outro milagre: Meg Baird fará a primeira parte, o que é certamente uma dádiva resultante do alinhamento do Mexefest de Lisboa para o fim-de-semana. Eia!
SÃO DUETOS, MUITOS!
Há certamente em Matthew E. White uma faceta de produtor e colaborador que tem um enorme poder de atracção! Depois de Justin Vernon, Sharon Van Etten ou mais recentemente Natalie Prass, surge agora o anúncio de mais uma parceria indisfarçável e até devidamente documentada como se comprova abaixo. É um álbum inteiro de duetos com a menina inglesa Flo Morrissey registado no seu estúdio da Virgínia em duas semanas e onde cabem dez clássicos sem idade sob o título de "Gentlewoman, Rubyman". Há originais, entre outros, de Leonard Cohen, George Harrison, Gainsbourg, James Blake, Frank Ocean, Bee Gees e Little Wings com Feist. Esta lindíssima parceria de nome "Look What The Light Did Know", que foi divulgada aquando da edição em 2010 do DVD de Feist com o mesmo nome, é a primeira aposta. Tudo boa gente, tudo de alto nível!
WILCO NO MUSEU!
A recente passagem da digressão dos Wilco pelo centro da Europa levou a malta atenta da La Blogothèque até Utrech na Holanda para o registo de mais um grande momento antes ou depois da actuação no Festival Le Guess Who?, evento em que a banda de Chicago foi responsável pela curadoria de um dos três dias de concertos. Aproveitando uma sala de restauro do incrível Museum Speelklok - museu para miúdos e graúdos dedicado exclusivamente a instrumentos musicais antigos e brinquedos que tocam sozinhos - aqui fica a acústica rendição de "Normal American Kids" e "If I Ever Was a Child", temas incluídos no último álbum "Schmilco"... e muita vontade de visitar o museu!
CASS MCCOMBS, CORRER COM A HIPOCRISIA!
O novo video para o tema "Run Sister" de Cass McCombs conta uma história infelizmente verídica que envolve o desaparecimento ou assassinato de mais de 4000 jovens mulheres, muitas delas indígenas, numa estrada de British Columbia no Canadá! Ainda sem explicações e com o "fechar de olhos" hipócrita dos responsáveis, a atleta Tracey Léost decidiu percorre quase 200 quilómetros dessa via para alertar a comunidade para o problema, o que inspirou McCombs para compor o tema e, mais tarde, ser o foco central do video que agora é lançado. Uma história triste, quase inverossímil e que precisa de urgente combate nem que seja pela música...
terça-feira, 22 de novembro de 2016
segunda-feira, 21 de novembro de 2016
domingo, 20 de novembro de 2016
HEATHER WOODS BRODERICK, Convento de São Francisco, Coimbra, 18 de Novembro de 2016
A lindíssima Heather Woods Broderick tem emprestado ao longo dos últimos anos muito do seu talento para acompanhar em digressão os Efterklang, Alela Diane ou Sharon Van Etten e, por isso, os discos em nome próprio resumem-se a dois simples álbuns. Poucos e raros mas de uma qualidade extrema que requerem, sem dúvida, suspiradas apresentações ao vivo como as que aconteceram em 2010 em Coimbra e Braga aquando da edição de "From The Ground" e que agora, com a saída o ano passado de "Glider", se tornaram obrigatórias repetir. Na intimidade da sala pequena do novo espaço coimbrão, foi precisamente uma sequência de canções desses trabalhos que percorreu o serão, embora o tema de abertura ("Slow Dazzle") e uma outra canção nos pareçam ainda inéditos. Calma, afável e simpática, Heather teve desta vez a companhia de um baterista para a ajudar a reproduzir alguns dos temas o que, em alguns casos, nem sempre resultou na perfeição. O som da sala, como se comprova pela gravação abaixo, é certo que não esteve muito apurado sem que, contudo, pudesse beliscar a grandeza de pérolas como "A Call For Distance", "The Colors" ou o indispensável "Wyoming". No regresso para o encore surgiu a habitual pergunta "Bill Withers, who knows Bill Withers?" no sentido de apresentar uma cover do músico norte-americano ("Hope She’ll Be Happier" costuma ser o eleito) mas um aparente fanico do amplificador da guitarra levou-a pela segunda vez ao piano para um improviso em jeito de recordação dos tempos de aprendizagem musical para logo se lançar, entre agradecimentos, na beleza imensa de "From the Ground", um clássico embalador de uma noite rara e primorosa!
sábado, 19 de novembro de 2016
SHARON JONES (1956-2016)
Sem que se pretenda que este blog pareça um obituário contínuo, foi como imensa tristeza que soubemos hoje da morte de Sharon Jones. A americana, corajosa, bem lutou para o evitar mas o destino... Vamos sempre recordá-la de sorriso aberto, com uma irrequieta postura em palco e uma inegualável energia a que se juntava uma voz de outro mundo que a família Dap-Kings sabia magistralmente adornar. Quer no Porto em 2011 quer em Vigo em 2014 foram momentos únicos de diversão, partilha e muita vibração que só o funk e o soul conseguem alcançar e dos quais, instantaneamente, se multiplicam as saudades... muitas. Peace!
quinta-feira, 17 de novembro de 2016
JEFF BUCKLEY, COLHEITA 1966!
Se fosse vivo, Jeff Buckley faria 50 anos no dia de hoje o que confirma 1966 como um ano de colheita mais que vintage! A comemoração passa pela disponibilização online da sua larga colecção de discos de vinil, uma parceria da Sony Legacy Recordings e da sua mãe e tutora Mary Guilbert. Uma perdição... e, sim, ele tinha o "Pink Moon"! Paralelamente, há ainda um lançamento digital de "You & I" em versão melhorada, disco de versões e demos lançado no início deste ano. Seja como for e ao fim de quase oitenta e três milhões de visualizações e perto de quinhentos mil comentários, ainda e sempre "Hallelujah". Parabéns!
quarta-feira, 16 de novembro de 2016
JOSH ROUSE, SOL DE INVERNO!
Ao fim de oito anos, Josh Rouse está de regresso a uma série de discos a que foi chamando "Bedroom Classics". O quarto volume foi registado em Espanha, reduto do americano desde 2006 e inclui cinco temas inéditos com direito até um 10" de vinil que devem ser perfeitos para estes dias amenos e solarengos. Ouça-se só esta maravilha chamada "A Winter's Day".
domingo, 13 de novembro de 2016
FAROL #123
O disco regresso de Agnes Obel anda a fazer-nos companhia desde a semana passada e escusado será dizer que "Citizen of Glass" vai encantando o tempo de algum desencanto. Para lhe fazer companhia e recordar pérolas mais antigas da dinamarquesa é só dar um salto aos site oficial, preencher o e-mail e eles aí estão - três clássicos ao vivo de uma imensidão notável no iTunes Festival de 2013! É por aqui...
sexta-feira, 11 de novembro de 2016
LEONARD COHEN (1934-2016)
Num ano verdadeiramente tenebroso para o mundo da música, a morte de Leonard Cohen parece que se adivinhava... Andamos anos à procura do "nosso" Cohen, tentamos sempre saber mais, fomos ouvi-lo em peregrinação há muito prometida com receio que essa fosse a última oportunidade mas certo é que ele continuou a compor, a editar grandes discos (o último "You Want It Darker" é um clássico anunciado) e a apresentar-se ao vivo como um artista qualquer. Não era. Era simplesmente o mestre da melancolia, da sedução e do amor e que será impossível substituir por muitos boas que sejam as versões das suas canções. Peace!
quinta-feira, 10 de novembro de 2016
SINGLES #41
PATTI SMITH - People Have the Power/Wild Leaves
Inglaterra; Arista Records, 109 877, 45 RPM, 1988
A tragicomédia aparente das eleições americanas fez-nos resgatar, numa das muitas caixas de rodelas pequenas, uma canção ainda e sempre poderosa. Em Junho de 1988, Patti Smith regressava com este single ao fim de nove anos de silêncio, tema surgido de uma colaboração com o seu marido Fred "Sonic" Smith e, nessa altura, consentiu pela primeira vez que um video alusivo fosse então produzido, cabendo a responsabilidade da direcção a Meiret Avis, um irlandês a dar os passos iniciais no mundo dos chamados telediscos. Chamou ainda o amigo Robert Mapplethorpe para a fotografar, séria, de tranças e blusão de couro onde prendeu um simples pin com as iniciais "PHTP". Mas foi, acima de tudo, a lírica que transformou o tema numa arma intemporal de protesto e coragem quando canta, entre outros, "People have the power to dream, to rule" a que acrescenta quase sempre em versões ao vivo - como comprovamos duplamente e de braços no ar no Primavera Sound da Invicta em 2015 - "to vote, to occupy, to strike... Don't forget it: use your voice!". Ao ver ontem as lágrimas de alguns dos apoiantes democráticos recordamos o oposto, as lágrimas de alegria de há oito anos atrás aquando da primeira eleição de Obama, sinais de esperança numa América mais solidária e unida. Mas, para o bem e para mal, os regimes democráticos são o que são e o voto do povo é que conta - a realidade americana que parece que conhecemos através das redes sociais, dos talkshows e programas de humor é bem diferente e nitidamente mais profunda nos seus ódios penetrantes e silenciosos. Sendo assim, talvez esteja na altura certa de começar a fazer cumprir a quase "profecia" que Patti Smith cantou bem alto há vinte e oito anos atrás:
And the people have the power
To redeem the work of fools
From the meek the graces shower
It's decreed the people rule
terça-feira, 8 de novembro de 2016
TORO Y MOI, PERDÃO, CHAZ BUNDICK + 2
Em nome próprio, ou seja, Chaz Bundick aka Toro Y Moi estará de regresso aos discos em Março de 2017 na companhia do duo Mattson 2, banda dos gémeos Jared e Jonathan Mattson e par de virtuosos instrumentistas do sul da California habituados a explorações sonoras em volta do jazz psicadélico, da pop e alguma world music. Do disco "Star Stuff" está já disponível o incrível tema título para saborear abaixo.
segunda-feira, 7 de novembro de 2016
sábado, 5 de novembro de 2016
(RE)LIDO #78
IS TINY DANCER REALLY ELTON'S LITTLE JOHN?
Music's Most Enduring Mysteries, Myths, And Rumors Revelead
de Gavin Edwards. Nova Iorque; Three Rivers Press, 2006
O saudoso jornal "Blitz", que por sinal faria amanhã trinta e dois anos, para além da mítica secção "Pregões & Declarações", tinha na rubrica "Dona Rosa" uma das suas referências populares onde alguém respondia semanalmente a perguntas dos leitores sobre bandas, artistas, canções ou discos. Esse alguém era principalmente o jornalista Luís Pinheiro de Almeida e onde, sem certezas, o Jorge Mourinha fazia também uma perninha. A demanda exigia, certamente, pesquisa e troca de informações telefónicas intensas em tempos onde a Internet nem sequer era ainda um sonho...
O livro que agora aqui trazemos é como uma versão internacional da velhinha "Dona Rosa" da autoria de um tal Gavin Edwards que assegurou por largos anos na revista "Rolling Stone" uma coluna semelhante. Habituado a conviver de perto com inúmeras das vedetas e cromos da música, principalmente em entrevistas programadas e backstages anárquicos, a informação recolhida e a experiência adquirida permitiram-lhe, aparentemente, questionar directamente os envolvidos ou colocar-se em contacto com entourages dos visados na procura de respostas. Estamos então perante um livro infalível e rigoroso? Longe disso. O tom é bastante ligeiro e até exageradamente informal, tornando a obra num repositório de dados curiosos divididos nos habituais capítulos em que a música é pródiga - nomes de bandas, sexo, drogas & rock, nomes de canções, mortes míticas, etc., etc., catorze capítulos curtos sem ser incisivos. Há repetições, (re)descobertas e novidades que poucas vezes nos surpreenderam mas onde destacamos dois "assuntos" - a de que o "Dark Side Of The Moon" dos Pink Floyd foi escrito para uma suposta banda sonora do filme "Feiticeiro do Oz", experiência que qualquer dia vamos ter que realizar - isto é, por o disco a tocar durante a projecção dos primeiros quarenta e cinco minutos da película - e a revelação que o Joe Strummer correu não uma, nem duas, mas três maratonas sem efectuar qualquer treino, sempre no final da gravação de um dos álbuns dos The Clash! A história, mal contada, pode e deve ser lida por aqui. Uma inspiração para a corrida de amanhã onde a indecisão - "Should I Stay or Shoud I Go" - já está há muito ultrapassada. Quanto à pergunta que dá título à obra e atendendo à subtileza do desenho da capa, a resposta do livro é não...
sexta-feira, 4 de novembro de 2016
PETER BRODERICK, Casa da Música, Sala 2, Porto, 3 de Novembro de 2016
Na simplicidade aparente de um piano e de uma voz, atingir a perfeição não está obviamente ao alcance de todos. Só alguns atingem um patamar que poderemos designar por "sublime" já que transcender a normalidade implica talento e... medo. Peter Broderick, sentindo o peso do nome da sala principal da cidade, cedo iniciou um "espanto-espíritos" que quebrasse algum do "gelo" de ambas as partes, começando a preceito com "Begin" e "Diverge", peças de composição mais pausada e a servir de "aquecimento" para outros andamentos. Com "Red Earth", juntou então a sua voz que se tornou plena em "Human Eyeballs on Toast", tema em que tantas vezes caímos na rede só para sonhar que um dia teríamos a felicidade de o ouvir de viva voz. Começava, então, uma sequência memorável que passou, entre outros, pelo tradicional irlandês "As I Roved Out" cantado entre o público, saltando literalmente do piano para a plateia, pelo lindíssimo "In a Landscape" do último disco "Partners" e por "Below It", tema que já por si é uma maravilha na versão original à guitarra, mas que ali, ao piano, se transformou num momento de inebriante levitação colectiva. Mas o arrepio, longe de terminar, obrigaria ainda a um adequado fechar de olhos com "Eyes Closed and Travelling", composição que Broderick gravou este ano para o primeiro volume da "Piano Cloud Series" e que, de forma cirúrgica, encerrou o recital. Obrigado pela intensidade das palmas a regressar duas vezes ao palco, o sorriso aberto e a sua notória satisfação levaram-no a confessar, humildemente, o temor e o nervosismo que sentiu até meio do concerto que o fez até esquecer partes da cover que apresentou de John Cage - certamente, notada por poucos - e a elogiar a plateia que soube da melhor forma recebê-lo. Embalado pelo carinho e a pedido, tocou um pedacinho de céu chamado "Sometimes" e a noite, como às vezes acontece, acabou de forma... sublime!
(Fotografias: Filipe da Silva Coelho/InfoCul)
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DUETOS IMPROVÁVEIS #198
KEATON HENSON & LISA HANNING
How Could I Have Known (Hanning)
Mahogany Sessions, 2016
How Could I Have Known (Hanning)
Mahogany Sessions, 2016
quarta-feira, 2 de novembro de 2016
UIVO: 1, 2 e 3!
O excelente documentário "Uivo" sobre António Sérgio da autoria de Eduardo Morais teve estreia em livro/DVD em 2014 que foi acompanhada por uma seleccionada digressão por auditórios de todo país. Ontem, dia do sétimo aniversário da morte do mestre da rádio, passou finalmente em televisão via RTP2 e hoje passa a estar disponível no site da Antena3. Saudades...
WILCO TOTAL!
Óptimo para matar saudades, o site da Ancienne Belgique disponibilizou uma das duas passagens dos Wilco por Bruxelas a semana passada, o que prefaz vinte cinco canções em quase duas horas transmitidas, na altura, em directo. Grande cenário, grande som!
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