domingo, 27 de novembro de 2016

MEG BAIRD + KEVIN MORBY, Auditório de Espinho, 25 de Novembro de 2016

A noite de sexta-feira em Espinho prometia. A expectativa elevada para apresentação de um dos grandes discos do ano tinha, afinal, uma primeira parte de luxo a convidar à calma. Meg Baird, dona também ela de um álbum de nota elevada editado em 2015 e senhora de um curriculum intocável com os Espers ou, mais recentemente, com o projecto psicadélico Heron Oblivion onde se assume como baterista (!), deu ao serão um toque de classe assinalável. Em alguns dos temas soou ainda a guitarra de Charlie Saufley, parceiro nos tais Heron Oblivion e colaborador bem presente na gravação de "Don't Weight Down the Light", o tal disco maravilha do ano passado. Pena que tivessem sido poucas as canções eleitas desse trabalho (contamos três), optando-se por outros mais rebuscados e longos como um tema tradicional que pareceu algo enfadonho. Mesmo assim, uma excelente oportunidade para confirmar ao vivo uma talentosa artista e um aquecimento à altura do que se iria seguir...        



O regresso ao Porto ou arredores de Kevin Morby prometia consagração. Sem contemplações, ela aconteceu naturalmente junto de um público conhecedor e fã de longa data, uma admiração recíproca que levou Morby a ter na Invicta uma fonte de inspiração da sua música e um local de acolhimento. O momento para esse reconhecimento e partilha adivinhava-se como perfeito: sala cheia, aconchegante, som e luz sem reparos e um alinhamento a dar primazia a "Singing Saw", um dos grandes discos do corrente e que muitos de nós trauteamos, já nesta altura, de fio a pavio (ok, faltou o "Drunk and on a Star" mas houve o novíssimo "Beautiful Strangers"). Acresce a coincidência do final da tournée com uma banda em notório domínio dos momentos, dos arranjos, dos tiques que cunharam muitas das canções de forma irrepreensível e soberba, quer nos muitos aguardados novos temas quer nos muitos que escolheu do reportório mais antigo. A este propósito, fica desde já aqui a confissão - da fila da frente, os dez minutos de "Harlem River", tema título do álbum de estreia de 2013 e o terceiro do alinhamento, constituíram um dos melhores abanões sonoros a que tivemos a felicidade de assistir durante o corrente ano e que sozinho poderia e deveria elevar Kevin Morby a um patamar muito alto no actual panorama do chamado folk-rock alternativo. Como prevemos, uma nova estrela no firmamento ameaçava sair do eclipse e, sendo assim, o concerto de sexta-feira serviu para a tornar, de forma merecida, definitivamente mais brilhante!
      

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