segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019

THE TALLEST MAN ON EARTH, Centro Cultural Vila Flor, Guimarães, 24 de Fevereiro de 2019

Fotografia do site Espalha-Factos














A investida apressada até Guimarães para ver o homem mais alto do mundo serviu para a confirmação de um dupla realidade - afinal o sueco Kristian Matsson, ou seja, The Tallest Man On Earth, é apenas, brincando, um jovem de média estatura mas cujo epifenómeno artístico que o leva a esgotar grandes auditórios com um mês de antecipação não tem uma explicação única e lógica.

Dado como o rei do folk escandinavo, etiqueta questionável e desnecessária, Matsson é acima de tudo um entertainer dono de algumas boas canções mas longe de um deslumbramento consistente. Notam-se muitos anos de estrada e palcos quer nas poses e passos de dança mais que estudados, nas intensas trocas de guitarra e, principalmente, na abordagem e interacção com o público feita de forma a elevar a simpatia, o sorriso e a aparente bonomia. Talvez o notado silêncio e o respeito dos leves aplausos das primeiras canções fossem só isso mesmo, ou seja, uma reacção preventiva de um público ainda e, durante muito tempo, à espera de ser convencido pela amplificação no limite das cordas das guitarras e pelo timbre de uma voz vincada e facilmente associada ao nasalado de Dylan.     

A noite deu primazia ao último álbum "Dark Bird Is Home" com os temas esperados a ficarem logicamente para o final, uma apoteose previsível e onde todos acabamos a bater palmas a alguém que se diz querer ser o rei de Espanha! O pico mais alto do serão seria, contudo, uma pitada inesperada do "Winner Takes It All" dos ABBA sentado ao piano, instrumento onde deveria insistir mais proficuamente e no qual conseguiu das maiores ovações, feito mesmo assim repetido quando já no encore trouxe até ao palco uma guitarra portuguesa para a interpretação obrigatória do nosso "Sagres".

Resumindo, um concerto bipolar de variação enfadonha e empolgante que confirmou o inquestionável profissionalismo de um artista sabido e traquejado mas cuja a afamada e dita carismática presença em palco nos sugeriu alguma sobranceria e muita, muita... ronha! 

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