A estreia em palcos portugueses de Chantal Acda pode parecer um evento igual a muitos outros mas, no nosso caso, ela acaba por ser um sinónimo feliz de persistência e amor à música. Nos últimos anos, um amigo destas lides sempre que encontrava um promotor de concertos não falhava na sugestão e insistência na urgência da vinda de Acda até às nossas bandas, uma recomendação repetida que nos parecia já uma mania inconsequente mas na qual ele, só mesmo ele, continuava a acreditar como possível...
Nesta demanda, a crença acabou por encontrar outros sonhadores determinados que arriscaram agendar uma ronda de três concertos da artista belga com ponto de partida na cidade do Porto, uma coincidência que é quase uma homenagem ao epicentro de tão fervorosa convicção. Em boa hora!
A notória intimidade e fragilidade dos temas eleitos para o recital foram retirados de uma carreira diversificada e vincada pelos discos mas, acima de tudo, pelos espectáculos ao vivo. A noite teve, neste capítulo, a ajuda e cumplicidade de Eric Thielemans na percussão com raiz no jazz, género onde Acda se movimenta e complementa sem qualquer dificuldade e que tem no jogo entre as batidas e o dedilhar da guitarra uma primorosa cenografia sonora para vincar as histórias e sentimentos trazidos pelas letras da canções.
O serão na pequena sala de concertos do bar da baixa revelou-se, assim, como que um encontro de amigos distantes que, não se conhecendo pessoalmente, há muito que sabiam que o desfrutar das faixas ao vivo seria a selagem perfeita de uma amizade, afinal, verdadeira e sentida. Felicitações, por tudo isso, aos músicos, aos promotores e ao crente-mor de nome Abel. Abraço e obrigado!
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