Razões porque gostamos do concerto de Ólafur Arnalds:
. a beleza de uma música de multi-raiz clássica ou moderna mas intemporal;
. a tal tecnologia Startus que permite que dois pianos toquem mesmo sozinhos;
. a complexidade de uma receita instrumental que sugere ao vivo tanta simplicidade;
. a emulsão das cordas e dos pianos, um jogo sonoro onde o músico se tornou imbatível;
. o "Re:meber" e o "Unfold" em sequência e, como no disco, inquietante;
. as subidas de tom, as batidas, a electrónica e, oh sacrilégio, a casa a arder com "ekki hugsa";
. a subtileza de "3326" e o solo de violino de outro mundo;
. as histórias contadas como a da ilha de Bali para nos pôr a sonhar e a reflectir;
. o encore a solo com "Lag fyrir ommu" e o começar e desfazer das cordas ao longe;
. o final do mesmo encore e um prolongar tenso de um silêncio irrespirável.
Razões porque não gostamos ainda mais do concerto de Ólafur Arnalds:
. o ofuscante jogo de luz que, demasiadas vezes, escondeu músicos, artista e instrumentos;
. a tecnologia com laivos de exagero o que retirou mérito à composição e às suas subtilezas;
. a insuficiente dose de batidas notória na ovação aquando da simples evocação dos Kiasmos;
. a frio, a solicitada interacção/participação inicial do público sem continuidade perceptível;
. a inexistência de uma primeira parte que permitisse a acomodação preparatória:
. o alinhamento de temas nem sempre empolgante ou consistente;
. o leve flutuar de uma exorbitante superfície melancólica;
. a simples vertente de pianista reduzida a dois ou três únicos momentos;
. o desconforto das cadeiras de autor do recinto que devia merecer queixa colectiva;
. não se pode ter tudo.
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