A prática teve nos primeiros trinta minutos um género de KO por antecipação - o trio com Freitas ao piano,
Jean Elton no contrabaixo e Hugo Medeiros na bateria aplicou à plateia uma hipnose invertida que impossibilitou qualquer relaxamento ou descontracção já que o instrumental de alta velocidade e em espiral de conivência sugeria estarmos perto de um auge que antecipa um qualquer encore final. Longe disso! Faltava ainda muito de um reportório de três álbuns publicados em cinco anos onde se testaram cruzamentos jazz de sabor afro-brasileiro mas que cedo se embeberam de uma aura clássica. Basta pôr a rodar qualquer um deles para o comprovar.
Talvez "Nascimento" seja uma dessas peças chave, que ali serviu para parafinar ainda mais ou ouvidos e respirar fundo, não muito, porque a "Encruzilhada" seguinte e, principalmente, a perfomance a solo à volta do piano não deu tempo para qualquer distracção. Foi então que Amaro como que mergulhou nele para esticar e distorcer cordas e batimentos enfeitados por uns "martelos" que, pousados, abafaram o timbre e as notas, mas que executados pareceram orixás misteriosos ao jeito do mestre Naná Vasconcelos e de uma cultura brasileira tradicional e popular que Amaro sabe, na perfeição, renovar e preservar.
Quando em "Rasif" nos pôs a entoar em coro descontraído notas e tons, a intenção de incentivar a festa e a alegria foi só a confirmação deliciosa de uma matriz tropical de naturalidade e bondade. Bastaria a leveza de "Vida Bela" com que o serão se evaporou, para que esse travo de ancestralidade mas também de inquietação não tenham fim. Por isso, não esqueçam, em Novembro há mais... Massa!
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