terça-feira, 2 de agosto de 2022

AS DOCINHAS, Festival Andaime de Maio, Viana do Castelo, 30 de Julho de 2022

No caminho de volta até ao carro que nos levou a Viana do Castelo e logo depois de uma barrigada de jazz, o fim de noite tropical tinha banda sonora de fundo a que fomos seguindo o rasto até dar com um palco rodeado de público jovem e activo. O bizarro colectivo de sete lá em cima não fazia a coisa por menos e emitia um corrupio de canções em trajes menores devido ao calor atmosférico e ao movimento eléctrico sem que soubéssemos quem eram, donde vinham e que raio de receita espalhavam de forma apelativa e irresistível. Muito tempo depois, já pós-concerto, identificaram-nos As Docinhas como as autoras vianenses de tamanha amálgama pegajosa que, sem ser bem ou mal tocada (who cares!), fez muitos dos mais velhos, os cotas como nós que vão a concertos de jazz, estacar perto do palco sem de lá arredar pé até ao fim. Quanto à receita, ainda ninguém sabe qual é mas também ninguém perguntou. 

As imagens e sons abaixo serão, porventura, mais esclarecedoras quanto ao triturado de géneros cantadas em português, inglês ou francês, sem norma ou etiquetas de género mas a dar pontapés fortes nos blues, na kizomba, no grunge ou no funk que um esquisito mas, irresistivelmente, roufenho saxofone vai, de entremeio, corroendo. Cruzaram-se gemidos libidos, sexualidades ou sadomasoquismos fogueados (?) de acentuado sotaque do (des)norte que finos, cigarros e derivados chegados do público amigalhaço inflamaram a um fogo já ateado, certamente, desde o princípio não testemunhado. 

A dupla minhota que comanda a trupe, já muito batida nestas lides da provocação e do toma lá, dá cá "queres quê?", tem corda e garganta para dar e vender que os discos já com três anos atestam nos segundos e primeiros propósitos. Depois há "bideos" despachados para o canal global de forma intencional, uma verdadeira esquizofrenia estética que o primeiro álbum "Xano", editado o ano passado, fez o obséquio de revalidar numa intoxicação ainda longe de se sumir. As Docinhas, um caso sério de DYS a que é preciso continuar atento antes que azede...

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