DePlume tem no álbum "Gold" deste ano um caso sério de combate espiritual adornado pelo seu saxofone e uma plêiade de instrumentos em desafiante balanço mas que ao vivo se reduziram a duas guitarras e uma bateria minimalista. Acrescentaram-se as notas cantadas em coro pelo quarteto, no que sugere ser um ritual quase sempre prévio à entrada do saxofone, trepidante, incisivo, a gingar em sobreposição esplêndida e que só foi interrompida para os discursos, as sentenças, os desabafos e as profecias, não de polichinelo, mas de efectiva pertinência e desarme, exagerando, talvez, na compaixão mas de apelo vincado a que ninguém na sala ficou, certamente, indiferente.
A perfomance serviu, em dois momentos, para homenagear Pharoah Sanders, saxofonista falecido no dia do concerto, e Jaimie Branch, trompetista amiga que nos deixou em Agosto, longe contudo de um ambiente triste ou enfadonho já que do serão submergiu sempre uma envolvente afirmativa, vibrante e até desconcertante ou não fosse DePlume, tal como cada um de nós, uma verdadeira preciosidade. Não, não nos vamos esquecer - you're precious!
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