de Rúben Marques. Porto; Wow Films, 2022
RTP2, Portugal, 28 de Dezembro de 2022
Tal como muitos espaços de animação, durante o período pandémico os clubes e bares de rock da cidade do Porto tiveram que fechar as portas. Aproveitando esse vazio e na intenção de ajudar o Barracuda Clube de Roque e o Woodstock 69, resistentes activos da Invicta do restrito circuito ao vivo, este documentário tratou de ouvir os seus frequentadores e animadores sobre o que é isso do rock, o seu significado e importância. A façanha recebeu o título de "Às de Espadas", hino em inglês que os Motorhead lançaram em 1980 e que acabou entronizada como uma das canções e malhas míticas do rock.
A recolha desses testemunhos obedeceu a um guião prévio de perguntas - por exemplo, "o que é o rock?", "o rock é um erro?", "Portugal país de rock?" - mas as respostas de difícil consenso e sem música de fundo vão-se sucedendo numa informalidade frágil cheias de interjeições e calão portuense aludindo a alguns chavões naturais. Melhor que explicar será, certamente, participar nessa roda viva de emoções sempre que uma qualquer banda sobe a um palco, o que no caso funciona dos dois lados da contenda já que a maior parte dos entrevistados são também músicos activos necessitados dos referidos locais que, por muito restritos ou pequenos, se prestam a manter a chama acesa muito à custa da resiliência elogiada dos seus donos (Rodas e Toni).
Desfilam em cima desses palcos e, naturalmente, sem público, prestações de 10 000 Russos, Black Wizards, O Bom O Mau e o Azevedo, Manuel Cruz ou Kilimanjaro, momentos que se constituem como os melhores dos mais de noventa minutos de um projecto bem intencionado e que, mesmo revelando alguns desequilíbrios incompreensíveis, é o testemunho de um difícil período de resistência que ajudará na inspiração e formação de gerações vindouras. Um útil às de trunfo.
Disponível na RTPlay
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