O público mostrou-se, desde cedo, atento e de um estranho mas bem-vindo silêncio sepulcral durante as canções, uma tensão que a superior acústica da sala elevou ainda mais na limpidez sempre que o piano vibrou na sua grandeza. Lugar ainda para algumas dos temas que fizeram dos O Terno um caso de sucesso dos dois lados do Atlântico, a que se juntaram versões cirúrgicas de Veloso & Gil e Caymmi que confirmam Bernardes como um regenerador moderno e cuidado dos pormenores da bossa nova ou da MPB.
Continua a surpreender a segurança com que executou a totalidade dos temas, misturando costumes e modos de composição e voz que nos obrigam a não perder pitada de uma perfomance de intimidade assumida e que uma subtil melancolia adornou num encantamento ondular. Bastava o calafrio de "Última Vez" para o sacralizar!
À viola ou no piano e mesmo sem muita da grandiosidade das orquestrações dos discos, Bernardes é um caso sério de amor à primeira audição que se converte, entre os jogos de luz e os silêncios e palmas de uma sala de concertos, numa experiência sensorial imperdível que a língua comum estimula na intensidade. Para todos os que pretendem repetir os arrepios ou para os que ainda não testaram a vibração, a estreia do artista no Coliseu do Porto no dia de amanhã poderá ser a oportunidade perfeita...
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