quarta-feira, 26 de março de 2025

MARIANNE FAITHFULL, REGRESSO AO ETERNO!

Lá no meio da imensa lista de edições do próximo Record Store Day, evento marcado para dia 12 de Abil próximo, está uma previsível pérola para guardar carinhosamente - chama-se "Burning Moonlight" e é um inédito EP de Marianne Faithfull registado em 2024. São quatro temas que pretendem comemorar os sessenta anos do primeiro álbum homónimo e também de "Come My Way", discos lançados pela DECCA Records a 15 de Abril de 1965, e são por eles inspirados. 

O 12" é o repositório das últimas gravações feitas em vida por Faithfull e pretendeu, nos dois lados, reflectir as veias pop e folk dos seus primeiros trabalhos. A imagem da capa é da autoria do gravador e artista australiano David Frazer. 

Assim, o lado A (pop) contempla o tema título, o primeiro a estar disponível para audição, e foi directamente inspirado pela primeira frase ("It is the evening of the day") de "As Tears Go By", single inicial de um longa carreira. Junta-se a canção "Love Is", escrita  e composta com a ajuda do seu neto Oscar Dunbar. 

Para o lado B (folk) foram escolhidos o tradicional "Three Kinsmen Bold" e uma nova versão de "She Moved Thru' the Fair", um outro tradicional originalmente incluído no disco seguinte "North Country Mad" de 1966. 

segunda-feira, 24 de março de 2025

WEYES BLOOD, DIAMANTE (LAPI)DADO!















A menina Natalie Mering aka Weyes Blood fez o favor de fazer uma versão de "Shilo" de Neil Diamond, tema registado ao vivo pela primeira vez para o álbum "Hot August Night" de 1972, apesar de incluída no obscuro disco "Just For You" de 1967. Mais uma pérola de um artista, por muitos desprezado, mas que merece desta casa um crescente respeito. 

A cover está incluída na banda sonora da série "Good American Family" disponível na plataforma de streaming americana Hulu.


UAUU #739

CASS McCOMBS DE SECRETÁRIA !

sexta-feira, 21 de março de 2025

SCOTT MATTHEWS, CÉU LÍMPIDO!

Em Julho passado, o tributo orquestral a Nick Drake promovido pela BBC Symphony Orchestra, ao lado de uma série de artistas, obteve merecidos elogios e partilhas. Contudo, por não ter sido registado em video, não existem imagens oficiais, embora a totalidade do espectáculo esteja disponível para audição compensadora. 

O amigo Scott Matthews, participante orgulhoso do evento, isolou agora uma das suas versões através da montagem de um video com registos dos ensaios e fotografias do homenageado, uma vénia em nome próprio que engrandece uma rendição magnífica de "Northern Sky", essa canção de limpidez inigualável saída do talento de "um dos mais venerados cantores e compositores de todos os tempos" (Matthews dixit). Obrigado, pal!

quarta-feira, 19 de março de 2025

BILL CALLAHAN, REGRESSO À CASA!





















Onze anos depois, Bill Callahan tem regresso marcado para a Casa da Música portuense dia 11 de Julho, sexta-feira, apresentando-se na véspera no Tivoli da capital. Primeira parte a cargo de Jerry David DeCicca. Bilhetes em breve.

terça-feira, 18 de março de 2025

DUETOS IMPROVÁVEIS #302

PATRICK WOLF & ZOLA JESUS 
Limbo (Wolf) 
Álbum "Crying the Neck", Apport/Virgin Music
Reino Unido, Junho de 2025

sábado, 15 de março de 2025

BILL FRISELL TRIO, TAGV, Coimbra, 12 de Março de 2025

O nome de Bill Frissell deve estar creditado em centenas de discos onde emprestou a sua elogiada guitarra a uma infindável diversidade de aproximações e mergulhos no jazz moderno. Neles, sobressai sempre um género de linguagem eléctrica de rendilhados criativos que assumem um mundo muito próprio, o que no caso do disco-covid "Valentine" de 2020 (Blue Note), ao lado de do contrabaixista Thomas Morgan e do baterista Rydy Royston, funciona com uma estudo metodológico da guitarra em vários segmentos da música americana, do folk ao blues, do rock ao obrigatório jazz. 

O serão em Coimbra foi, por isso, uma revisitação criativa a esse leque alargado de possibilidades de diálogo a três, permeando destaques aos instrumentos dos seus parceiros em momentos acertados, o que não deixou de permitir apreciar a forma como Frisell toca a sua Telecaster, ora assumindo uma contenção e subtileza nada fáceis ora crescendo para nuances mais efectivas, tal como se deu a ouvir na versão de "You Only Live Twice” de Barry. 

A respiração que se sentiu entre notas e trechos, longe de virtuosismos exagerados, desconstruindo as melodias em renovadas abordagens, encerra ao vivo desafios para ouvintes e espectadores que a plateia, mais que adulta, absorveu na perfeição - saber ouvir, saber escutar ou saber esperar, permitiram uma outra dimensão e que se traduziu por, simplesmente, saber descobrir. A viagem foi, por isso, de recompensa suspirada e aplaudida de pé, ou não fossem estes momentos, em tempos de imediatismos, de uma raridade e magia incontornáveis.

sexta-feira, 14 de março de 2025

NEAL FRANCIS, INCONSISTÊNCIA ZERO!

Saiu no dia de hoje um novo trabalho do norte-americano Neal Francis que, ouvido de fio a pavio, é um puro prazer. No disco "Return To Zero", o segundo para a ATO Records, casa independente de Nova Iorque fundado por Dave Matthews e reduto de variados e bons nomes (King Gizzardd, Alabama Shakes ou Midlake, só para citar alguns), balançam uma série de melodias robustas de produção apurada que não escondem o que de bom o yatch-rock ou o funk multiplicaram no passado e continuam a desmultiplicar, sem contemplações, no presente. 

Respeitando essas patinas sonoras, é, contudo, o rock americano de setenta que ganha primazia nessa irresistível fusão, tudo bem agitado em canções para dançar em rodopios de várias velocidades, sendo ainda difícil escolher qual delas será a ideal para uma viagem de vidros abertos junto ao mar ou para servir de auxiliar de potência numa qualquer subida de um jogging matinal. Genuíno, Francis (re)criou uma fórmula saborosa que ganha, a cada disco, uma consistência de óbvia classificação vintage. Can't get enough! 




THOMAS FEINER, SEGUNDOS DE ESPLENDOR!

São só trinta e oito os preciosos segundos disponíveis para audição prévia de "The Sun Fell Softly on the Ocean", mas bastam para que o encandeamento sonoro a la Thomas Feiner desperte, mesmo assim, todo o seu esplendor. 

Trata-se de um single inédito que consiste numa versão de "Så skimrande var aldrig havet", canção do trovador sueco Evert Taube (1890-1971) e, pela primeira vez, com uma variação em inglês para escutar muitas vezes no final do mês (28 de Março). A percussão e guitarras são de Johan Ludvig Rask e a tradução da lírica é de Felix Taube, neto do poeta e músico nórdico. 


terça-feira, 11 de março de 2025

THESE NEW PURITANS, MAIS UM GOLPE DE ASA!















Cinco álbuns em dezassete anos sugere uma ponderação que os These New Puritans assumem como fundamental para a sua essência artística. Dos irmãos Jack e George Barnett, sempre envoltos num misterioso resguardo mediático e pessoal, espera-se uma profundidade desafiadora que dois novos momentos se atestam como ousados - "Bells" e "Industrial Love Song" moldam-se de um poderio melódico comovente, permitindo de olhos fechados confiar em "Crooked Wing", o tal quinto disco de uma banda de culto aqui pela casa. 

Para favorecer a grandeza, ao trabalho dos manos Bernett somou-se a ajuda de Grahm Sutton, membro dos míticos Bark Psychosis e produtor do anteriores álbuns "Hidden" (2010) e "Field Of Reeds" (2013), e a colaboração do baixista Chris Laurence e de Caroline Polacheck, voz de um dueto inesperado entre dois guindastes num estaleiro de obras que, em livre tradução, é explicado por Jack desta forma: 

"Caroline canta a parte de um guindaste, eu canto a outra; eles não se podem tocar (os seus movimentos são controlados por um operador), mas quando o sol nasce, eles esperam que suas sombras se cruzem. Gosto de como o título que George criou desvia as expectativas - não é esse tipo de industrial"! 

Seis anos depois, os These New Puritans aprontam-se novamente para, rejeitando convenções, se assumirem como uma banda visionária cujo rótulo indefinido é, por si só, um elogio cada vez mais raro. Espera-se, por isso, mais um golpe de asa...


segunda-feira, 10 de março de 2025

ROBERT FORSTER, MORANGOS COM AMOR!





















Dando mostras de ânimo e estabilidade emocional, o lutador Robert Forster terá álbum novo no final de Maio pela Tapestry Records e a que chamou simplesmente "Strawberries". O tema título é um excelente cartão de visita ao lado da esposa Karin Bäumler, um género de dueto com imagens gravadas na cozinha lá de casa, retomando um local que Forster escolheu para apresentar a canção "Tender Years" do álbum anterior "The Candle And The Flame" de 2022, período complicado de doença da esposa.

Se atentarmos nos pormenores da letra, são os morangos uma alusão inicial à partilha, ao amor incondicional que os une e que parece inquebrável. A aparente simplicidade do enredo e da encenação luminosa do espaço, a que um gato acrescenta, no exterior, tanta naturalidade, torna a canção num cada vez mais raro momento de ternura e prazer que só Forster sabe fazer. Queremos mais!

FAZ HOJE (24) ANOS #94





















GOLDFRAPP, Festival SBSR, Hard Club, Vila Nova de Gaia, 10 de Março de 2001
 
. Jornal de Notícias, por Emanuel Carneiro, fotografia de José Mora, 12 de Março de 2001, p. 44

3X20 MARÇO

















Em mês de Piano Day (29 de Março) e na já habitual ausência de comemorações ou lembranças, insistimos nos teclados, orgãos, pianos ou derivados...
 

sábado, 8 de março de 2025

UAUU #738

RUFUS WAINWRIGHT, CULTO E ADULTO!

O nosso culto e adulto segundo canal agendeu para o serão de amanhã, Domingo, a emissão de um concerto bastante especial - "Wainwright Canta Weill" foi registado em Março do ano passado ao lado da Pacific Jazz Orchestra, sob condução de Chris Walden, no majestoso United Theatre on Broadway de Los Angeles. 

Nele, Rufus Wainwright dedica-se a recriar canções de Kurt Weill (1900-1950), autor pelo qual o seu fascínio se foi adensando, germinando muitas das canções em nome próprio, algumas das quais também seleccionadas para interpretação, numa homenagem iniciada em 2023 com uma série de concertos no Cafe Carlyle de Nova Iorque. Não esquecer: RTP2, 22h52. Imperdível!

EXIT NORTH, FORÇA AÉREA!





















Apresentado como um double A single, há nas duas novas canções dos Exit North uma energia inesperada que se estende, intensa e aérea, numa epicidade ressentida. 

A dose afixa-se pelos nomes de HARM / TERMS, assim, em maiúsculas, para que se faça acentuar a vibração e a altura da eminência, mas há ainda uma notável remasterização da pérola "A-Shapped Trees", tema de "Anyway, Still", álbum de 2023. A versão CD estará pronta para envio a partir de 1 de Maio.

sexta-feira, 7 de março de 2025

TENNIS, JOGO PERFEITO!





















Não existem tempos, meses, dias ou horas ideais para as canções dos Tennis. Desconfiamos, um pouco, da sua eficácia inicial, mas o casal Alaina Moore e Patrick Riley tem mantido e depurado a receita pop num calibre alto ao longo de seis álbuns desde 2011, sempre bem-vindos, airosos e frescos. 

Aproxima-se um sétimo de nome "Face Down In The Garden", de confessada inspiração na roda viva das tournées, das suas virtudes, vicissitudes e crises, uma abordagem artística diferente do habitual que muitas vezes tinha em longos passeios de barco à vela o recurso de composição! O selo comercial é o da Mutually Detrimental, casa onde a banda joga em nome próprio

Nostálgico, orelhudo quanto baste, os Tennis continuam a não falhar. Bastaria o novo "At the Wedding" para o confirmar... Match-point!


quinta-feira, 6 de março de 2025

ROY AYERS (1940-2025)














Num género de jazz que se aproxima do funk e da soul, a mestria de Roy Ayers sempre foi imbatível, feito talvez explicado pela raridade e subtileza com que o som do vibrafone se entrelaçava, maravilhoso, nas canções. 

O instrumento, um género de xilofone ressonador, ocupou, por isso, sempre a frente de palco de todos os seus concertos, como o que testemunhamos na sala pequena da Casa da Música ao lado dos Funkateers numa madrugada de 2005. A sessão terminou com "Everybody Loves The Sunshine", um clássico de planura eterna que, sem culpa, foi escondendo tantas, e tantas, outras peças de um talento único.

Ayers faleceu no dia de Carnaval, uma terça-feira soalheira e amena... Peace!


WILLIAM TYLER, O TEMPO É INDEFINIDO!





















As estranhezas detectadas nas mais recentes opções sonoras de William Tyler já por aqui foram sinalizadas a tempo de, agora, se confirmarem como explicáveis. A história detalhada é contada pelo jornal inglês The Guardian, preenchendo assim as respostas a algumas das anomalias (cancelamento de concertos ou parcerias artísticas) advindas de uma reabilitação necessária face aos perigos do álcool ou do isolamento. 

O comprovativo da alta chama-se "Time Indefinite", álbum pela Psychic Hotline agendado para Abril, e onde se emaranham uma série de demónios como a solidão, a neurose ou o raio da meia-idade cantados ou tangidos por Tyler de forma a espantar receios e temores, escolhendo uma renovada e arriscada veia musical pronta a bombar tempos incertos e indefinidos. 

FAZ HOJE (23) ANOS #93



















TOMAHAWK, Hard Club, Vila Nova de Gaia, 6 de Março de 2002
 
. Diário de Notícias, por Marcos Cruz, fotografia de Ursula Zangger, 8 de Março de 2002, p. 48 
. Jornal de Notícias, por José Manuel Simões, fotografia de Pedro Correia, 8 de Março de 2002, p. 49 
. Público, por Inês Nadais, fotografia de Paulo Pimenta, 8 de Março de 2002, p. 45

domingo, 23 de fevereiro de 2025

BILL FAY (1943-2025)














A última década trouxe muitos admiradores e novos convertidos à música de Bill Fay, tendência acentuada com o milagroso álbum de regresso "Life Is People" de 2012. Vincaram-se, naturalmente, os elogios, multiplicaram-se as colaborações, as versões e muitas aspirações a vê-lo cantar no escuro de um qualquer velho teatro. 

Fomos dos que passamos, desde logo, a vaguear nessa torrente que faz de cada canção um tremor inexplicável e salutar mesmo ao fim de muitas repetições, acelerando a redescoberta dos discos antigos, de demos e demais registos que só aguçaram a veneração a um mundo de espantosas maravilhas. Fay deixou-nos hoje ao fim de oitenta e um anos e o tributo a tamanho talento é simples - espalhem-lhe os discos, ampliem-lhe as canções... Peace! 




sábado, 22 de fevereiro de 2025

FIONN REGAN, MAIS UMA!

Repetindo a estratégia de final do ano, há um inédito de Fionn Regan saído em Janeiro de nome "Two Sides", o que talvez sugira que, ainda este mês, seja acrescentada outra pérola. O colar começa a ganhar peso... pluma!

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2025

DUETOS IMPROVÁVEIS #301

PERFUME GENIUS & ALDOUS HARDING 
No Front Teeth (Genius) 
Álbum "Glory", Matador Records
E.U.A., Março de 2025

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2025

WILL STRATTON, COLHEITA DE ARREPIOS!





















Demoram sempre umas valentes temporadas as boas-novas sobre Will Stratton. O cantautor norte-americano parece não ter pressa em destapar a propagação de novas canções, certamente, entretido com outras tarefas como a que partilha com Martin Courtney (Real Estate) na produção e gravação de música no pequeno estúdio Roxaboxen Recording situado em Beacon, Nova Iorque, ou escrevendo textos sobre os mesmos assuntos para revistas digitais. 

As cornetas, no entanto, acabam sempre por tocar, anunciando, neste caso, "Points of Origin", álbum pela Bella Union agendado para 7 de Março, um oitavo longa duração que não deverá fugir da habitual e necessária tendência cinemática, narradora de historias ou cogitações em forma de baladas e voos de borboleta que muito agradecemos. 

Atendendo a que Tobias Jesso Jr. se escondeu atrás das cortinas da fama e que andamos a gastar, até à exaustão, as pérolas de Andrew Combs, é bom saber que não iremos ter falta de arrepios... dos bons!



quarta-feira, 12 de fevereiro de 2025

NUBYA GARCIA, Casa da Música, Porto, 9 de Fevereiro de 2025

No fabuloso panorama do novo jazz britânico, o nome de Nubya Garcia tem assumido nos últimos anos uma preponderância vital que não se reduz à aparente simplicidade de um saxofone, mas que se enleia numa série colorida de grooves exóticos de dub, tropicalismo ou rythm & blues. O feito, poderoso, tem no segundo disco de originais "Odyssey", lançado o ano passado, um esteio artístico de colaborações diversas e subtis e onde uma componente orquestral e vocal o transforma numa verdadeira, e já modelar, odisseia sonora. 

Ao vivo, sem todo esse envolvimento, o fenómeno, quase se imaginava, viria a perder força ou impacto. Um quarteto de jazz clássico - bateria, contrabaixo, teclas/piano e saxofone - tem, no entanto, muitas virtudes e essências de que se desconhecem o limite, embora a sessão de domingo à noite possa servir de exemplo de como a aproximação se pode fazer de forma eloquente e grandiosa. 

A viagem, sempre com o saxofone ao leme, serpenteou divertida e vibrante entre a planura dos teclados de Lyle Barton, a subtileza sábia do contrabaixo de Maz Luthert e a destreza e maleabilidade da bateria de Sam Jones, parceiro de longa data e que esteve com Garcia no parque da cidade em 2019. Essa eterna cumplicidade instrumental, que se obriga presencial em qualquer envolvimento deste tipo de aventura, talvez tenha atingido, no que nos foi dado a ouvir, uma nova obra prima que se deverá legendar como "2025 - Uma Odisseia no Espaço"!

terça-feira, 11 de fevereiro de 2025

DIRTY PROJECTORS, O SOM DA TERRA!





















Passaram três anos sobre uma jornada intensa de composição levada a cargo por David Longstreth como desafio acicatado pela orquestra instrumental berlinense Stargaze. O resultado traduziu-se num ciclo de vinte e quatro canções para vozes e orquestra que se agrupam num novo álbum dos Dirty Projectors a lançar pela Nonesuch em continente americano e pela Transgressive Records na Europa já no início de Abril. São decisivas as ajudas das parceiras de banda habituais Felicia Douglass, Maia Friedman e Olga Bell e, para além da referido colectivo alemão, colaboram ainda no disco, entre outros, Phil Elverum dos Mount Eerie e Tim Bernardes. 

Desde a base construída em período pós-pandémico, e assumindo algum receio em compor para um conjunto de instrumentistas alargado, Longstreth dedicou-se a aperfeiçoar as peças nos Países Baixos, Novo Iorque e Los Angeles com foco no estúdio de gravação e na sua apresentação ao vivo com orquestras, tal como já aconteceu no Barbican de Londres ou na Elphilhramonie de Hamburgo sob o título de "Song of the Earth". O primeiro aperitivo "Uninhabitable Earth - Paragraph One" é esclarecedor quanto à grandeza do projecto de feição ecológica, o sétimo de grande formato dos Dirty Projectors. 

Entretanto, uma versão acústica do mesmo tema faz agora parte da enorme compilação "The Super Bloom: A Benefit for Fire Relief in Los Angeles" de apoio aos bombeiros empenhados na tragédia de Janeiro passado, sessenta e duas canções por dez dólares de uma imensidão diversa de artistas e bandas

Uma outra canção do mesmo trabalho chamado "More Mania" foi também integrada numa outra iniciativa solidária - "Good Music to Lift Los Angeles" decorreu num único dia, 7 de Fevereiro, e compreendeu noventa canções inéditas - versões, remisturas ou gravações ao vivo - agora inactivas, mas valiosas. 

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2025

CIRCUIT DES YEUX, ESTRANHO FASCÍNIO!





















Data de Outubro passado um inédito de Hale Fohr aka Circuit des Yeux que recebeu como título um inequívoco "God Dick", mais um estremecedor sonoro de laivos electrónicos, género que a artista norte-americana têm aperfeiçoado de forma inédita e única. A transmutação que rodeia o seu mundo, que vai de negro profundo ao mais cintilante dos clareados, tem emersão total prometida para Março quando "Halo In The Inside" sair pela habitual Matador Records, naquilo que parece ser mais um renovado e pasmado portefólio artístico. 

Mesmo deixando de fora essa tal "God Dick", os nove originais atiram Fohr para uma estratosfera orquestral que não tem medo da percussão electrónica para se aproximar a um surrealismo desafiante de difícil classificação, mas de criação catártica e subliminar. Estranho, como sempre, fascinante, como nunca! 


3X20 FEVEREIRO