segunda-feira, 23 de outubro de 2006
SINGLES #2
GNR - Dunas
Os cartazes espalhados pela cidade não enganam. Os GNR fazem 25 anos de carreira e o Coliseu prepara-se para a festa. Crescemos, em todos os sentidos, com eles. Da vintena ou mais vezes que os vimos ao vivo, ao longo da década de 80, conseguimos aderir até 1993 aquando do concerto no velhinho estádio das Antas. Mas, já aí, a motivação era nula e a nossa presença só teve precisamente uma finalidade – o de colocar um ponto final na agonia crescente em que a musica dos GNR se tornou depois de “Psicopátria” (1986). Ainda recentemente, numa roda de amigos, se discutia o desnorte e incorência de um grupo tão marcante para uma geração ávida de concertos e boa música e que via nos GNR algo de inovador e moderno, no bom sentido da palavra. Falamos, por exemplo, de um lado B de um album totalmente preenchido com um só tema estranho, mas brilhante (Avarias de “Independança), o disco fundamental da música portuguesa que é “Os Homens não se Querem Bonitos” (1985) logo seguido de um inesquecível “Psicopátria”, de música directa, sem contemplações ou hesitações. O single que motiva este desabafo, traz-nos há memória inúmeras histórias, ambientes e recordações. Ao vivo, “Dunas” era aquele momento muito especial em que sabíamos que o Toli iria aparecer com o acordeão, em que o Romão incentivaria as palmas e que o Reininho iria reinar, alterando a letra sabida de cor (“...alheiras e tudo...”). No Carlos Alberto ou Coliseu, em pavilhões de escolas, na Exponor, no largo da Foz em frente à Indústria, numa discoteca de Esmoriz (Dacasca?) e em tantas outras oportunidades, vimos e sentimos os GNR como o nosso grupo, da nossa cidade, tocando a nossa música. Lembramos uma cassete pirata gravada ao vivo em Satão (Viseu), com proveniência de Campanhã, que ainda hoje guardamos religiosamente e que ouvimos vezes sem conta. À força de “Twistarte” e “Piloto Automático” respondíamos com a tecla de Rewind... Gostavamos, efectivamente, de recuar no tempo e ter testemunhado um caminho diferente, de amadurecimento qualitativo, coerente e pertinente. Resta, contudo, alguma esperança que a seiva torne a crescer e que 25 anos não seja um simples cartaz afixado nas paredes.
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2 comentários:
Foram o meu clube. Ia a todos os jogos até passarem para a terceira divisão.
Bem, a minha memória dos defuntos começa precisamente com "Psicopátria", já que não partilho da vossa vetusta idade. No entanto, ainda por cá residem algumas «poeiras» anteriores a esse magnifico último disco, e são de facto todas muito boas. O que só aumenta o sentimento de luto relembrado com este aniversário.
Pena mesmo , é o principal responsável pela morte da nortenha banda, não ter ainda, e verdadeiramente, batido os calcantes e ido desta para pior...
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