segunda-feira, 20 de julho de 2009

PIKELET + JENS LEKMAN, Salão Brazil, Coimbra, 17 de Julho de 2009


Foi uma casa cheia que recebeu a estreia portuguesa de Pikelet e Jens Lekman. Para a artista australiana Evelyn Morris aka Pikelet, a apresentação não foi auspiciosa, muito por culpa dos inúmeros problemas técnicos associados à diversidade de instrumentos e recursos utilizados. Alguns feedbacks irritantes levaram-na a cancelar alguns temas, mas, mesmo assim, fez-se sentir uma voz doce decorada com minimalismos por camadas, que recebeu a ajuda, em parte do concerto, de um amigo de longo data na percussão e ukelele. Um projecto curioso para confirmar melhor numa próxima oportunidade.
Sobre o sueco Jens Lekman pairava uma enorme expectativa e curiosidade, principalmente em testar como é que a pop brilhante dos seus discos soaria ao vivo. O resultado foi assombroso. Com a ajuda de Viktor Sjöberg nos samplers e demais orquestrações, Lekman apresentou-se bem disposto, gozando, obviamente, com a (sua) contracção recente de Gripe A e com a suposta noite de infestação colectiva, chegando a citar, salvo o erro, Fernando Pessoa ("Quando lhe atirarem uma pedra, faça dela um degrau e suba"), como resposta à má língua que a sua situação temporária suscitou. Desfilaram canções reconhecidas por muitos de presentes, uma massa surpreendentemente conhecedora e efusiva que a ajudou à festa. Cintilaram os grandes temas do último “Night Falls Over Kortedala”, uma banda sonora perfeita de noites tropicais, com destaque para o coro em uníssono de “Kanske är jag kär i dig”, a história satírica, com direito a tradução simultânea, de “A Postcard to Nina” e a dança frenética de “Sipping on the sweet nectar”, mesmo antes dos encores, que deitou literalmente tudo abaixo… Tempo ainda para o “jogo da pena” durante ”Shirin”, um desafio difícil à plateia em suster no ar uma pequena pena branca e algumas recordações obrigatórias como o hit “You are the light” já quase a terminar. Esquecendo as recomendações de saúde pública, fica para a história mais uma grande noite de afectos e confraternização com direito a beijos e abraços, um requisito já tradicional, mas imprescindível, para estes concertos conimbricenses. A festa, segundo rezam as crónicas portuenses, haveria de se repetir no dia seguinte…

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