Foi com enorme expectativa que o acolhedor Cine-Teatro Neiva encheu (esgotou?) para dar início formal ao Festival Curtas–Metragens de Vila do Conde, agora em merecida casa renovada e ampliada. Coube a Norberto Lobo, Guilherme Canhão e Ian Carlo Mendoza, sob o nome de Tigrala, dar música a “Tabu” de Murnau, película rodada em 1931 no Thaiti. O denominado filme-concerto, evento habitual no festival de Vila do Conde e que é já uma das suas marcas mais conhecidas, é um verdadeiro desafio para os músicos, mas também para os espectadores. Murnau filmou uma história de amor proibido em cenários naturais e ao ar livre, que nos atrai quer pelas magníficas paisagens e enquadramentos, quer pelo brilhante e glorioso preto e branco. O sedutor enredo prende-nos ao ecrã, a fazer lembrar um livro lido há alguns anos da autoria de Steinbeck chamado “A Pérola” e que apresenta muitas semelhanças narrativas com o argumento de Murnau. Quanto à música dos Tigrala, em toada acústica, cumpriu magnificamente os objectivos, isto é, sem nunca se sobrepor ao filme, moldou-o de uma forma simples mas iluminada. Sem cair na tentação de associar ritmos às sequências que passavam no ecrã, Norberto Lobo e companhia souberem, à sua maneira, interpretar de forma equilibrada a diversidade de paisagens e emoções que nos entraram pelos olhos dentro. Um resultado compensador só ao alcance da sensibilidade e talento de Norberto Lobo, um caso sério de genialidade da actual música portuguesa. Queremos mais!
(video HugTheDj)
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