Podemos até já conhecer a maioria das piadas, dos apartes, dos desafios ou quizz como o do Danny Thompson, o da banda-sonora de uma série televisiva, o do anúncio comercial a um after-shave francês ou a imitação do Miles Davis, que é sempre como se fosse a primeira vez que os ouvimos contados com virtude e classe. De forma semelhante, quanto às canções, a qualidade da interpretação só melhora com o tempo, talvez devido ao tratamento prévio com hidromel ou às calorias benéficas e elogiadas da cozinha portuguesa... Mudando de guitarra eléctrica para acústica ou vice-versa, a camada de suavidade e tenacidade que a sua voz alcança permite-lhe sempre uma segurança muito própria de acentuar e encaixar as palavras entre a subtileza dos acordes mesmo que lhe acrescente loops e pré-gravações como aconteceu, sem pressão e com êxito, em alguns dos novos tema do álbum "New Skin".
Bruxedos ou fenómenos à parte, apesar dos inexplicáveis cortes e silêncios da amplificação aquando de, claro, "Intruders on Earth", o concerto flutuou naquela ondulação infalível de boa disposição e seriedade que a profundidade dos temas eleitos evidenciou maravilhosamente apesar de "Elusive" ou "Dear Angel", duas das nossas perdições, terem ficado de fora. Tudo se perdoa, contudo, quando no encore e depois de um trepidante "Virginia", Matthews desceu para o meio da plateia para um derradeiro e próximo "Home & Dry" de um grau de ternura e conforto deliciosos. Bem-hajas, old chap!
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