Os tempos são agora outros e mesmo com mudanças de line-up, o serão provou que as sete ou nove vidas da banda resistem a desgastes ou bojardas rebatidos nos discos que não dispensam de gravar e onde agora pontifica o saxofone e a voz de Zumi Rosow em constante e indispensável desafio com os fundadores Cole Alexander e Jared Swilley. Foi neste rodopiar de microfones que o serão se esfumou num turbilhão de canções curtas e sujas que arrasaram a plateia mesmo que sem exageros, arrebatamentos ou rebuliços, o que nos fez lembrar a letra de uma recente canção embaladeira de Ron Gallo.
Entre a vintena de temas alinhados não faltaram clássicos como "Oh Katrina!", "Can't Hold On" ou o magistral "Crystal Night", apresentado com um número romântico mas cuja subversão é somente mais um indício de uma inquietação visceral que se estendeu, por exemplo, a uma versão de "Get It On Time" dos Velvet Underground, uma canção inacabada que a banda decidiu, em boa hora, assumir num género de curadoria artística. Vibrantes e sem rodeios, estes Black Lips continuam a fazer da eficiência e da solidariedade em palco uma festa ainda e sempre imprescindível a qualquer um dos mundos do rock que se preze.
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