Rodeado de um conjunto de músicos de assinalável aptidão, Kiwanuka escolheu na corrente digressão uma série de temas iniciais destinados a abanar o público por contágio dançável ("One More Night", "You Ain't the Problem", "Rolling" ou "Black Man in a White World"), uma sequência de vinte minutos de cortar o fôlego e que precisava de nítido calmante que chegou com "Rule the World", magnífico, numa acústica do recinto que se fez notar sem mácula e onde começaram a brilhar, ainda mais, as duas vozes femininas que o acompanharam e também uma imersão colectiva num jogo de luz e efeitos de resultado eficaz e hipnótico.
Até ao inesquecível "Solid Ground" mesmo antes do encore e sentado ao piano, Kiwanuka foi-nos baloiçando em jeito conceptual ("Hero", "Light" ou "Final Days") com uma onda gospel e soul vintage, vincando a eternidade do último "Kiwanuka" de 2019 e a validade de uma mensagem de auto-confiança nas suas capacidades de proporcionar viagens (d)e sonhos através das canções. Os que lá estavam só para se banharem no Instagram tiveram que esperar um pouco mais, mas não muito tempo.
De volta ao palco, o colectivo foi sobressaindo da penumbra com "Falling", uma outra pérola ofuscante para, agora sim, cumprir promessas mais antigas com "Home Again", "Cold Little Heart" e "Love & Hate" em apoteose colectiva, uma preocupante e delirante maresia de telemóveis em punho de magnitude a que nunca tínhamos assistido que isto das grandes plateias tende cada vez mais a amedrontar-nos. Mesmo assim, a valente e saudável terapia Kiwanuka valeu bem todos os sacrifícios ou sustos. Haja coração!
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