Quando ouvimos qualquer um dos magníficos discos das irmãs Casady, questionamos sempre como é que aquele desfilar de sons surpreendentes e multi-etiquetados podem resultar ao vivo. Ontem em Coimbra, a resposta foi subliminar e efectiva! Descritas, quase sempre, como fazedoras de música invulgar, as CocoRosie acrescentam, em cima do palco, a essa invulgaridade mais alguns condimentos certeiros que nos atingem em cheio. As vozes irreais (um misto de Johana Newson e Bjork) de Sierra e Bianca ora se complementam ou se destiguem naqueles timbres maravilhosos das canções de embalar e sonhar. Alías, esses “sonhos” - etiqueta “dream pop” - como que se tornam realidade visível no enorme ecrã de fundo, onde constantemente imagens, desenhos e rascunhos se alternam e misturam com a música, num conjunto a que se poderá chamar video/concerto! A suposta inocência dos seus temas – etiqueta “chinese pop”- é, no entanto, muito bem pensada e experimentada e que já alguns anos de palco ajudam a assentar. Para essa consistência, contam com um pianista, um indescritível “beat vox” humano chamado TEZ (que daria um verdadeiro show sonoro antes do encore) e ainda os dois músicos por detrás dos projectos Quinn Walker e Rio En Medio que asseguraram a primeira parte do concerto. Ao longo de uma hora e meia os presentes no esgotado TAGV fizeram parte de um mundo muito próprio, nos limites do privado, que nos acicata e estremece, quer através de ondas calmas e líricas quer em ritmos acelerados e dançáveis - etiqueta “drum and bass”. Ou seja, concerto sofisticado mas simples, doce mas amargo, indescritível mas vibrante - etiqueta “brillant pop”…
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